sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre (não) amar

Sabe quando você olha pra alguém e parece que toda a noção de tempo escorre pela sua boca escancarada que nem baba? Sabe aquele desconforto gostoso no estômago quando você a vê, aquela sensação de rubor nas bochechas juntamente com um sorriso largo e involuntário que você tenta esconder mas não consegue - e é isso que o deixa ainda mais charmoso? Sabe quando você se joga na cama e solta aquele suspiro quase diabético, seus olhos fecham e a sua mente faz todo o possível pra se atracar a qualquer coisa que te mantenha são e vivo, mas cedo ou tarde as ondas carregadas de todos os toques, sorrisos, palavras e momentos que não aconteceram fora do seu imaginário começam a invadir as suas narinas, depois o seu pulmão e quando se dá conta já está afogado? Pois é. Eu não.

Velho!(!!!!!!!!!!!!!!@#$%¨!!!) A única coisa capaz de expressar a minha frustração com relação a isso é um keyboard smash de quarenta e três páginas finalizado com PROTEJAM OS SEUS GATOS, EU VOU ROUBÁ-LOS TODOS. Vou roubar um gato a cada vez que alguém não rouba a minha atenção, combinado?

E vocês acham que eu sou exagerada quando eu digo que, sim, está escrito nas estrelas que vou morrer solteira. E com "solteira" quero dizer "incapaz de desenvolver qualquer tipo de sentimento amoroso para com pessoas reais e por isso destinada a viver a vida de forma rabugenta e reclamona enquanto gasta 60% do escasso salário com a ração dos vinte e sete gatos e três cachorros de que será dona". Não é, galera. Não é.

Isso não me incomodava, de verdade. Algumas pessoas simplesmente não encontram o "óh!!!-grande-amor-de-suas-vidas" e são muito felizes consigo mesmas, obrigada. Tipo, existe muito mais pra se viver na vida do que um grande amor, sabe? Mas agora alguma coisa dentro de mim fez merda e eu passei a me importar. E digo isso porque fiz a burrada de ouvir Clarice Falcão numa madrugada de domingo. Maravilha. Muito bom.

Às vezes me dá um ataque de ouvir música romântica no meio da noite como se eu precisasse delas pra algum conforto emocional, então o fato de estar ouvindo as músicas não foi o problema. A Clarice foi. Sabe (to falando muito sabe nesse texto), a Clarice ama de um jeito que me afetou. Ela ama simples, de um jeito muito puro e muito descomplicado e resolvido. É quase como se ela conseguisse passar aquela essência do amor, a calma, o conforto e a segurança de estar amando alguém (COMO SE EU SOUBESSE, MAS TÁ), e não todas as voltas e revoltas que a gente vê por aí. Não que as outras sejam ruins, não me entendam mal, mas!, cara!, a Falcão me passou essa vontade além dos maiores níveis de escrotidão de querer de fato [violino dramático] amar alguém [volta do som ambiente].

Que bosta.

É como se tivesse perdido uma parte crucial na vida de qualquer pessoa (lê-se: adolescente) e é um lugar comum à todos eles onde eu não posso entrar. É sério, você pode conversar com qualquer pessoa viva de qualquer (EU DIGO: QUALQUER (coisas vistas não podem ser desvistas, meus caros)) idade e cada uma delas vai ter uma única e singular história de como eles foram ultra super mega felizes com alguém. Pode até ter acabado, ou não ser mais feliz com aquele alguém, mas em algum momento eles foram e isso é o que importa. Mas e eu? Eu, ééé, eu, entããão né, eu. Eu não. Gente, as minhas experiências amorosas são tão estúpidas (por falta de palavra pior) que eu honestamente do fundo do meu coração nem conto como experiências. Aliás, não conto de jeito maneira. Finjo que não existe porque, eeeh, humilhação.

É muito engraçado que sou a conselheira amorosa de muitos dos meus amigos e (!!!) relações já foram pra frente por minha causa. O que é ainda mais engraçado é que os meus conselhos são tipo:
1) Se a situação tá boa, fica de boa
2) Se a situação tá ruim, dá de presente de aniversário de namoro uma passagem de ida pra Merda pela Companhia De Viagem Casa Do Caralho (trademark)

Eu sou incrível.

É, era mais ou menos isso que eu queria falar e agora eu não sei como acabar o texto. Acho que deveria acabar tipo com uma frase de efeito super esperançosa e filosófica, mas é quase uma hora da manhã e a última coisa que eu sou uma hora da manhã é esperançosa e filosófica. Faço mais o tipo roteirista dos comerciais antigos da MTV, aquela coisa meio narcótica meio dadaísta. Estraguei o texto, olha só.

Então vou terminar com uma citação do meu queridíssimo professor de uma matéria não tão queridíssima (na verdade, nem um pouco queridíssima, é tipo o antônimo de queridíssima):

"SANGUE VENOSO, ATITUDE (gritinho)"

É isso aí.