sexta-feira, 28 de março de 2014

Sobre medo

Estava o diretor do meu colégio hoje dando uma palestra antes de darmos início ao (caralho do) simulado semanal (Sim, às sextas-feiras. Sim, também acho uma putaria sem tamanho). E, como sempre, ninguém estava dando a devida atenção ao que ele dizia, o que é uma pena. Ou uma sorte. Eu queria não ter dado atenção, isso me pouparia uma torrente infernal de pensamentos passando pela minha cabeça (ao mesmo tempo, como sempre).

Incrível ver que até de discursos de pessoas sistematizadas e roteiro-de-estudosadas dá pra tirar uma recheado tapa na cara. Incrível mesmo. 

Segundo Selvagem, existem seis tipos de medo (os quais chamei de medos primitivos) e os demais, que são apenas derivações dos principais. Estava tudo muito bem, até ele citá-los. Aí o tapa foi forte. A minha cabeça deletou tudo o que o diretor disse depois e criou as suas própria definições que fariam a autora desse pequeno desabafo se sentir um alvo vermelho neon no meio de uma floresta cheia de snipers profissionais (só tiro, porrada e bomba). 

O medo da pobreza

1. Medo da pobreza de espírito. Medo de ser vazia de vida, pobre de brilho nos olhos. Medo de mergulhar na miséria da ganância e esquecer o amor incondicional pelas coisas ritmadas.

2. Medo de não viver do que eu amo. Medo de ser obrigada a parar de tentar e seguir o fluxo das pessoas. Medo de ter medo de não ter medo. Medo de pôr a cara no mundo, falhar e voltar com o rabo entre as pernas às coisas simples, sem desafios, monótonas, normais. Medo do fracasso.

O medo da doença

1. Medo de não caminhar sobre os meus próprios pés. Medo bobo e idiota de precisar de ajuda. Medo de pedir por ela.

2. Medo da minha doença. Aquela doença. Aquela, a única no meio de tantas, que eu tenho vergonha e não gosto de falar. Medo que ela me domine de vez. Medo de que ela fique frequente. Medo de que, um pouquinho de cada vez, ela me cegue. Medo que me segue. 

O medo da velhice

1. Medo de ver a minha pele se desgrudar um pouquinho mais a cada dia. Medo de viver com medo de andar sem rumo por aí porque se eu cair, opa, já são três costelas e uma perna quebradas. Medo covarde de ficar parada no tempo enquanto todos andam pro mesmo buraco.

2. Medo da velhice da mente. Medo de amargurar na minha própria cabeça os anos que eu nunca vivi. Medo de não viver, de só sentir a morte cafungando no seu pescoço. Aquela risadinha fina de quem sabe o final da história.

O medo da crítica

1. Medo de ter que me adequar ao pensamento quadrado dos outros por eles não se adaptarem ao meu polígono. 

2. Medo de ver o que eu amo pegar fogo. Ver nos olhos de quem me lê a desaprovação, o desgosto. Medo de alguém fazer descaso das extensões de mim.

O medo de perder o amor de alguém

1. Medo de não controlar o meu temperamento e afastar as pessoas que eu lutei tanto contra os meus instintos solitários pra conquistar. Medo de ficar sozinha. Medo do meu destino se fazer real.

2. Medo de desapontar os meus pais. Medo de sair de casa pra buscar a minha vida (que saiu pra um rolé e ainda não voltou) fora dos portões de casa, sem a certeza de voltar, e deixá-los sem um acordo de paz. Medo de que eles não aceitem as minhas escolhas. Os meus amores. As minhas necessidades.

O medo da morte

1. Medo de entrar por uma porta que você não sabe pra onde vai dar. Medo de sentir dor no processo.

2. Medo da morte da mente, da alma, do que funciona. Medo da morte das ideias, dos sonhos, dos amores, das necessidades. Dos objetivos, das metas, da vontade. Medo da morte de dentro. Medo da assassina ser eu.


E, assim como no texto, essa palavra da besta-fera ecoou na minha cabeça centenas de milhares de vezes. Milhares de vozes, a mesma palavra. Não o mesmo sentimento, mas um amálgama de sensações (todas ruins).

Depois, um "bom final de semana" e uma prova de física. 

terça-feira, 25 de março de 2014

Sobre ser inteligente e elogios

Eu tenho tanto pra falar sobre isso que eu não sei nem por onde começar (normal).

Velho, o que é ser inteligente? É saber muito sobre uma coisa só ou saber razoavelmente várias coisas? É assimilar rápido? O que vale mais: a inteligencia acadêmica ou a inteligencia da vida, a concepção e percepção do mundo? O quanto você tem que saber/o que você precisa ter/o quão rápido você precisa aprender sobre um determinado assunto pra ser considerado inteligente? A inteligência é tão subjetiva quanto a beleza? Se sim, por que, então, as pessoas (pelo menos a maior parte delas) levam mais em conta um elogio à sua inteligência do que um à sua beleza, se tudo no final das contas é uma questão de mera opinião?

Meio foda isso.

Não sei direito o que pensar sobre. As pessoas dizem que eu sou inteligente e eu tenho vontade de socar a cara delas por isso. Toda vez que alguém diz "nossa, você é muito inteligente!" a merda já está feita. O meu cérebro vai voltar aos questionamentos dali de cima e eu vou ficar frustrada por não ter as respostas (uma das minhas muitas obsessões é ter resposta pra tudo) e vou ficar num loop infinito de perguntas POR CULPA SUA (em letras garrafais porque sim). E nem adianta perguntar pra pessoa o porquê (já pensei nessa possibilidade) porque o máximo de resposta que eu vou ter vai ser um "sei lá, você sabe as coisas".

Sim, sei muitas coisas. Principalmente quando eu olhos pra primeira questão de Química da série branca do meu roteiro de estudos e eu percebo que eu não faço a mínima ideia do que fazer. Nossa, como é vasto esse meu conhecimento. To em lágrimas.

Fala sério.

Se sou referência em inteligência, o mundo está pior do que eu pensava. A minha óh-tão-ilustre inteligência é tão mínima e insignificante que chega a dar pena. Eu não sei direito nem matéria da escola, quem dirá saber de fato coisas relevantes fora do universo escolar. Existe tanto por aí pra ser aprendido que eu me sinto constantemente uma criancinha, um bebezinho que ainda não aprendeu nem a desenhar ainda e fica fazendo aqueles rabiscos na folha falando que são os pais, tá ligado?

 "Nossa, Marcela, como você é ingrata! As pessoas te elogiando e você aí falando merda." Cara, não é isso. Eu fico feliz ("feliz") quando alguém me acha inteligente, só não acho que essa pessoa tenha motivos pra isso. Tipo, Da Vinci era inteligente. Darwin era inteligente. Galileu era inteligente. Hilton é inteligente. Giovana é inteligente. André é inteligente. Nelsinho é inteligente. Eu não. Vamos deixar isso bem claro aqui.

Já deu pra perceber que me elogiar resulta em merda, né? Vou agradecer por fora, mas por dentro eu to tendo convulsões cerebrais porque esse é mais um assunto que eu não tenho resposta pra nenhuma das perguntas e, Jesus Cristo, que ódio que isso dá.

É tipo quando falam que eu sou bonita ("bonita"). É mais ou menos assim:

"Nossa, como você é bonita!"
"Asjfkldjlvkdvdl obrigada!"
3,44 segundos depois, dentro da minha cabeça meio dantesca: "Tá querendo alguma coisa, só pode"

Talvez isso seja porque esses são elogios, digamos, fáceis de se dar. Você pode ver alguém e falar "nossa, como essa pessoa é bonita" ou "nossa, como essa pessoa é inteligente" porque nenhum desses elogios requer um olhar mais aprofundado, além de serem super subjetivos. Vai da concepção de cada um sobre beleza e inteligência. Não me entenda mal, eu fico super feliz em me enquadrar nas suas concepções de beleza e inteligência, mas isso não diz nada sobre mim. Não chega perto de desvendar as primeiras letras do que eu sou.

Gosto dos elogios que mostram pelo menos um pouco de dedicação na Arte De Observar Pessoas. Tipo, teve uma vez que um menino me disse que meus dentes eram perfeitos. Cara, que tipo de pessoa repara nos dentes de outra? E é exatamente disso que eu to falando! Uma pessoa que diz que "eu sou bonita" claramente não observou cada detalhe, tipo os meus dentes. SEI LÁ, isso soa muito estranho (muito mesmo), mas eu dou mais valor aos elogios incomuns, elogios que requerem observação.

Pra você achar alguém bonito só lhe custa um par de olhos. Mas quantos pares de olhos lhe custam de fato ver uma pessoa?


OBS: Tá tudo confuso de novo. Pensar mil coisas ao mesmo tempo realmente tá sendo um grande empecilho na minha vida. Poxa.

Eu pensei em escrever sobre isso enquanto conversava com a minha parceira de assuntos legais, Mariana, e eu lembrei que André me chamou de filósofa e eu quase morri porque akldçkçlkhnlfjyyk. <André3


domingo, 23 de março de 2014

Sobre lista de sonhos

Batalhei comigo mesma nos últimos dois minutos sobre fazer ou não uma lista de sonhos. Quer dizer, parecia uma ótima ideia listar todas as coisas que eu quero fazer na minha vida -- mas aí eu lembrei que eu morro de vergonha de falar sobre isso. O que não é lá um grande problema, considerando que esse blog é completa e inteiramente meu e só eu o leio. É o meu pequeno diário que eu com certeza vou esquecer de manter, assim como todos os outros. Não consigo fazer a mesma coisa todos os dias, não há rotina que me prenda. É foda.

Sonhos são meio que coisas muito pessoais demais. 

Sei lá, eu amo quando alguém fala dos seus sonhos. Os olhinhos brilhando, as bochechas vermelhas, aquele sorriso idiota. É um conjunto muito harmonioso. Dá vontade de ser harmonioso também.

Agora uma coisa completamente diferente é eu falar dos meus sonhos. Não. Nope. Não rola. Eu não sei o que é isso que me prende, mas as palavras morrem na minha garganta na mesma velocidade em que elas nascem. Acho que é por que uma grande parte do que você é -- o seu maior segredo -- fica exposta ao falar sobre isso. Muito se pode ser dito de uma pessoa a partir das metas e dos objetivos de vida dela. 

Mas e daí? Bora lá fazer o negócio. 

1. Trabalhar com música
E por trabalhar com música eu quero dizer ter uma banda, seguir carreira solo, sei lá. Qualquer coisa, desde que eu tenha um palco, minhas músicas e uma platéia bem quente gritando na minha frente. Qualquer coisa desde que eu consiga gritar e tirar de mim tudo que a arte quer. Qualquer coisa, desde que eu consiga tirar dos meus ombros o peso da criatividade acumulada. E isso é justamente o que eu não consigo falar sobre o Sonho Número Um. Porque soa idiota. E também porque é a coisa mais importante na minha vida. Não acho que eu iria aguentar ver alguém caçoando disso, e justamente porque é a coisa mais importante da minha vida. E merece quantas repetições forem necessárias. A coisa mais importante da minha vida

2. Aposentar o meu pai
Tá, a gente não tem lá uma relação muito amigável. Meu pai é a pessoa mais mandona que eu conheço, e eu DETESTO (em letras garrafais) ser mandada. Não. Dá. Tá vendo como eu não duraria cinco minutos num emprego normal, com chefe e tudo mais? No momento em que aquele bosta viesse me dar ordem, maluco, ia dar merda. E também tem toda aquela coisa de o meu pai ter conquistado meu respeito com base no medo, o que significa que, sim, eu tenho medo dele. Não é o tipo de respeito que se conquista, mas o que é imposto, sabe? Ou você me respeita, ou você me respeita. Talvez porque não existe privacidade que resista ao imenso nariz do meu pai. Sério. Seu Roberto quer fuçar em tudo, saber de tudo, saber com quem eu estou falando (por mais que eu já tenha dito os mesmo cinco nomes várias vezes, mas a idade é um problema sério. Aí eu tenho que ficar repetindo. Adivinha? Odeio repetir). De qualquer forma, meu pai trabalha que nem puta nos finais de semana. Nem férias tira. E a maior parte do mau-humor dele (falei do mau-humor dele? DEUS, QUE CARA MAU-HUMORADO) vem do estresse do trabalho. E o cara merece, aturou desaforo murmurado meu por dezessete anos. 

3. Sustentar o Colégio Herculano Pires
O Herculano Pires é um projeto do meu (infelizmente, ex) professor de Sociologia e Filosofia (a.k.a um dos melhores -- se não for o melhor -- professores que eu já tive na minha vida). Não sei explicar bem como isso aconteceu, mas eu sinto como se o colégio fosse um pouquinho meu também. Talvez porque ele compartilhou tanto essas ideias e esse amor incondicional por elas que acabou chegando em mim, tomando um pedacinho pra si. O André tá conseguindo bem devagar colocar esse sonho dele em prática (ele que, diferentemente de mim, não tem medo de jogar os próprios sonhos pro mundo), e eu prometi a mim mesma há dois anos que, assim que eu tivesse condições, eu manteria sozinha esse colégio. Nem que eu morra de fome e more debaixo da ponte. Esse sonho dele agora é meu também.

4. Levar a senhora minha mãe no túmulo da Lady Di
Minha mãe é fascinada pela Diana. Ela falando do Charles é a coisa mais engraçada do mundo, tem que ver. De qualquer forma, eu queria que mamãe visitasse o túmulo dela, nem que fosse só pra fazer uma oração pra ela lá. 

5. As tatuagens
Contam como sonho pra mim, falou? Falou, valeu. Então, eu tenho várias tatuagens pra fazer:
- um ankh
- o "RIO"
- o "liberte-se"
- o "Veni, Vidi, Vici" a.k.a a primeira que eu vou fazer e somente sob uma condição secreta
- aquele quote de Will Grayson, Will Grayson, o “Some people have lives; some people have music.”(não preciso explicar essa, não explicaria sem se precisasse)
E tem mais algumas, mas eu não me lembro.
Ah.
Lembrei.
- o "the state of dreaming" que, não só é uma música da Marina & The Diamonds, mas é a música da M&TD. Sério, essa música fala comigo em níveis espirituais.

Por enquanto, é só isso que eu consigo me lembrar. Existem alguns menores, coisas não tão significantes quanto essas. Prefiro deixá-las guardadas. Você preferiria também. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Sobre vocação

Eu passei os últimos dezessete anos tentando encontrar a minha vocação. O que, posso garantir, foi uma experiência um tanto quanto escrota.

Tudo começou no ensino básico. Lá, onde você achava que sabia algum pentelhésimo de Matemática e Português (a.k.a quando você não conhecia orações subordinadas ou relações trigonométricas no triângulo retângulo). Lá, quando você via todos os seus amigos tendo uma forte inclinação pra alguma das - cinco - matérias.

E você lá. Na merda.

Na merda, de fato, porque eu sempre estive dividida entre gostar de todas as matérias e odiá-las profundamente. Isso acontece até hoje, aliás. Não existe nenhum santo assunto que eu goste por inteiro, a minha missão é achar alguma coisa pra detestar em tudo.

Mas pior do que isso, creio, foi a sensação de "isso é legal, até chama a minha atenção, mas eu não quero ficar fazendo isso a minha vida toda nem que Jesus desça do Céu, bote o dedo na minha cara e mande eu fazer" que me atingia no que concernia a tudo que me era ensinado na escola (tenho a impressão de que essa frase não soou do jeito que eu queria, o que é normal; eu nunca consigo traduzir direito o que a minha mente pensa porque esse lugar é um caos completo. Mas disso a gente fala em outro texto). Eu nunca pude bater no peito e berrar "EU AMO TAL MATÉRIA COM TODAS AS MINHAS FORÇAS" em praça pública porque, cara... Será que eu amo mesmo?

Pra mim, não existe isso de amar pela metade. Ou você ama tudo, ou não ama. Então como posso amar, sei lá, Gramática, se quando a professora toca no nome amaldiçoado da morfossintaxe eu já tenho vontade de cometer um homicídio em massa? Se eu, pelo menos, aceitasse a existência dessa coisa, tudo seria mais fácil. Aceitar é parte de amar. Quando você aceita os defeitos de uma pessoa, você a ama apesar deles (ou os ama, ainda não tive tempo de descobrir). O problema é que eu odeio essa criação da besta-fera como o Noel Gallagher odeia o resto da humanidade.

E assim foi caminhando a minha vida acadêmica, até o crucial momento que dividiu a minha vida em antes e depois: A Redação Aleatória Na Alfabetização. Foi naquele momento que eu percebi que eu estava fadada a estar na merda pro resto da minha vida.

A história foi mais ou menos assim: a professora pediu pra gente escrever um texto sobre uma imagem, que era de um sapo pedindo uma sapa em casamento. Aí a minha imaginação de criança pintou e bordou. Escrevi a porcaria do conto (eu falo sobre ele em outra oportunidade) e entreguei com a maior felicidade do mundo. Eu já escrevia textos daquele tipo desde que eu aprendi a juntar letrinhas, só que eu guardava tudo pra mim (tem coisas que nunca mudam). Aquele foi o primeiro escrito meu que eu mostrei pra alguém.

Não me lembro direito o que aconteceu depois. Tudo que eu sei foi que aquela respeitável senhora saiu mostrando meus sapos pra escola inteira. E, sei lá, foi legal. Saber que as pessoas gostaram de algo inteiramente meu foi, no mínimo, gratificante.

E foi aí que a Marcela de seis anos de idade (ou foi com cinco?) pensou que, talvez, fosse aquela a sua vocação. Fazer arte. Mostrar pro mundo seus vários sapinhos guardados a sete chaves numa pasta no computador dos pais. E, cara, é isso que eu gosto de fazer. Mesmo que eu mude o formato de texto every now and then (desde agosto do ano passado, tomei um gosto muito grande por escrever algo que eu não sabia que conseguia: música. Mas disso eu falo mais pra frente), escrever é o que me faz bem. É o que eu amo por inteiro.

Mas fala aí, eu não podia simplesmente gostar de Matemática? Seria tudo tão mais fácil. Era só escolher uma profissão ligada àquilo e pronto, tava feita na vida. Mas, não. Óbvio que não. Sou eu, afinal. Sempre optando pelo mais difícil, pelo caminho mais sinuoso, pelas pedras mais afiadas.

Desde os seis anos, então, eu venho aprimorando esse meu gosto pela arte da escrita (por mais que eu ainda seja um lixinho pensante quando se trata disso) e como expandir isso. Eis que, no ano passado, eu acabei por juntar as duas maiores paixões da minha vida, a música e a escrita (como eu disse ali em cima). Aliás, em momento nenhum desse texto eu falei sobre música, né? Não faz mal, eu falo agora (acostume-se, minha mente é um caos).

Eu tenho contato com a música desde que me entendo por gente. Meu pai sempre colocava os discos dele no rádio do carro pra nós ouvirmos. Pink Floyd, Bee Gees, ABBA, Queen (mil corações), Elton John (mil corações também), Cazuza, entre vários outros que eu não consigo me lembrar agora. É engraçado pensar nisso, mas eu não gostava das músicas que ele ouvia e - já mostrando traços da futura Marcela - às vezes, eu reclamava com a minha mãe.

 "Meu Deus, Marcela, como você era escrota". Tira esse verbo do passado porque eu ainda sou.

Mas voltemos à música (foco, Marcela).

Eu gostava muito das músicas do meu irmão, embora na época eu jurasse de pé junto que detestava e preferia fazer cem questões de arme e efetue a ouvir um minuto daquele troço. Ele curtia Green Day, Linkin Park, Red Hot Chilli Peppers, Simple Plan (O Emo), My Chemical Romance (O Emo: A Sequência) e várias outras dessas bandas de rock que nós dois ouvimos até hoje.

A minha vida toda foi preenchida por música. Todas as viagens de carro, limpezas da casa ou momentos de ócio tinham a sua trilha sonora sagrada. É por isso que a música hoje me soa tão natural. É normal, pra mim, ser obcecada por ouvir alguma coisa em todos os momentos em que aparece a oportunidade.

Aliás, eu adoro ouvir música no ônibus. Eu quase sou linchada toda vez que boto o fone. "Marcela, tira esse fone agora! Você bota esse fone e sai completamente do mundo!" (Às vezes eu acho que as pessoas ainda não se deram conta que é essa a intenção).

Assim como escrever, a música me faz bem. E se todo esse papo de fazer o que te faz bem fosse aceito, eu não estaria tão na merda assim. A verdade é que as pessoas apoiam muito que você faça o que você gosta desde que seja alguma coisa de gente normal. Tipo, sei lá, Arquitetura.

"Mãe, eu quero ser arquiteta!" "Nossa, filha, que bom! Isso mesmo, tem que fazer o que você gosta!"

"Mãe, eu quero fazer música!" "Então, meu amorzinho, você pode até fazer música, mas você não acha melhor fazer outra faculdade antes? Faz Farmácia, moreco, garante seu futuro. Música é hobby, né? Não é profissão de verdade."

Moreco, Farmácia não me faz bem. Arquitetura não me faz bem. Engenharia não me faz bem. Medicina não me faz bem.

Música me faz bem. Fazê-la me faz bem. Compreendê-la me faz bem. Escutá-la me faz bem.

Se esse papo todo de pais fosse sincero, isso de "música é hobby" não aconteceria. Pra mim não é hobby. É amor. É o que eu quero fazer da minha vida. E não existe Direito no mundo que tire isso de dentro de mim.


OBS: Chega. Não vou alongar mais esse texto porque, pelo amor de Deus, deve estar gigante já. Se tiver alguém aí além de mim lendo isso (o que tem 0,0001% de chances de acontecer, já que eu não vou mostrar esse blog pra nenhuma alma viva), minhas sinceras desculpas pelo meu jeito de pensar. Eu penso em muitas coisas ao mesmo tempo e fica meio difícil seguir uma linha só de raciocínio. Deve ter ficado confuso pra cacete, foi mal. De verdade.