segunda-feira, 9 de março de 2015

Sobre Dias Das Mulheres

Então foi Dia Internacional Da Mulher ontem. Tudo muito lindo, várias flores, vamos todos dar as mãos e entoar um belo cântico e etc. Eu ia falar nesse post sobre a hipocrisia do amor (ahahha) e da igualdade (HAHAHA) durante o dia e os gritos de “piranha, vagabunda” pra presidenta durante a noite (gritos esses que tem o alvo a mulher por ser mulher, mas pra c e r t o s queridões no facebook não é machista. Claro que não. Pfff). Mas decidi falar de outra coisa, uma que vem me incomodando desde o dia 7, um diazinho só antes do Dia Da Mulher.

Dia 7 tinha tudo pra ser incrível – e, em grande parte, foi. Almocei no Outback com algumas das melhores pessoas do mundo, comi aquela costela deliciosa provavelmente humana e tive que correr pro banheiro pra fazer xixi depois do “jorra, Satã”. Mas antes disso acontecer, eu tive muito medo. Sim, medo. De quem? Um menino.

Eu tenho medo desse menino em especial já faz muito tempo. Sempre me senti perseguida e somehow invadida toda vez que ele estava por perto. Parecia que esse espirro do diabo estava em todos os lugares, era impossível escapar. A partir de um determinado momento ele começou a fazer comentários desnecessários e obviamente incômodos sobre os meus peitos. Sim, gente, meus peitos. E isso me deixava incomodada num nível absurdo (porque, né, não é muito bacana quando você ouve esse tipo de coisa), mas o máximo que eu conseguia fazer era a maior bitch face que o meu ascendente em capricórnio me permitia. Porque tinha/tenho medo das pessoas e sempre me senti muito inferior a elas.

Enfim, depois de muitos momentos horríveis em que eu tive vontade de tacar fogo em mim mesma,“me livrei” dele do melhor jeitinho eu: sendo quieta, disgusted face emoji colado no rosto e rolando os olhos.

Mas eis que o destino resolveu fazer graça de mim, e acabei por encontra-lo no shopping dia 7. Eu, literalmente, corri. Meus amigos vieram atrás, rindo da situação (eu também estava, porque foi de fato muito engraçado). Mas aí percebi que eu estava tremendo, suando frio e com medo. Medo de que? Dele. Que ele pudesse fazer alguma coisa comigo ou sei lá. Parando pra pensar agora, não tinha como aquele moleque fazer nada porque eu estava cercada de amigos, mas não consegui pensar nisso na hora porque tudo que eu sentia era medo. Só.

Essa, porém, não foi a pior parte.

Depois que terminamos de comer, nós íamos ao parque (e com “nós íamos ao parque” eu quero dizer Paulo e Érika indo nos brinquedos e o resto de nós olhando). Mas começou a chover e aí a gente desistiu. Só que, gente, não só choveu. CHOVEU. Em letras garrafais mesmo. Choveu tanto que, como eu expressei no meu Twitter, me senti como os animais não escolhidos por Noé no diluvio. Choveu tanto que, se alguém torcesse as minhas roupas depois que eu cheguei em casa, abastecia a Cantareira e acho que ainda sobrava um pouquinho.

Fazia tempo que eu não pegava uma chuva daquelas. Enquanto andava sozinha pelas ruas do Fonsequistão, pela segunda vez no dia eu tive muito medo. Não de ser assaltada ou pegar, sei lá, leptospirose por pisar naquela água límpida e pura. Esse medo é mais difícil de explicar.

Vamos voltar pra última vez em que eu peguei uma chuva como aquela. Faz algo em torno de 3 anos, eu ainda fazia curso de inglês (aliás, foi o último dia do curso). Tinha feito uma provinha oral, tínhamos todos trocado barras de chocolate. Tava tudo muito bem, tudo muito bom até que: um dos meus classmates insistiu em ir embora comigo. Achei estranho e tal, mas não me opus (até porque eu só aprendi a me opor às coisas bem recentemente, mas ainda preciso de prática). Não contente, ele insistiu também para que fossemos ao cinema e acho que o meu rosto virou um grande “????????”, mas óbvio que eu disse que não porque eu tinha acabado de voltar do centro, meus pés estavam sendo comidos pela sandália que eu estava usando ([one direction voice] STORY OF MY LIFE) e eu queria muito ir pra casa descansar. Mas o fuckboy continuou insistindo e, gente... Não me teste com isso de insistir. É um dos caminhos mais rápidos pra me deixar irritada.

Aí, mano. Mano. Ma-no. Começou a chover, mas choveu muito. MUITO. E eu tava com uma blusa meio branca, meio bege e, pra completar, não tinha nada nas mãos a não ser uma mísera folha A4. Eu, que já estava no ápice do desconforto, consegui ficar ainda mais desconfortável. Recordes sendo batidos, né nom?

Mas você acha que ia terminar assim? Claro que não. O menino fez um comentário sobre como “a minha blusa estava ficando transparente”. Ah, vale dizer que eu tinha 15 anos e ele tinha quase 20? Vale sim. Mano, eu respirei fundo e não disse nada. Comecei a andar rápido, o fuckboy segurou meu braço e disse “tá fugindo de mim, po?”. Olha, no desespero eu quase disse “queridão, to sim”.

Depois dessa exata frase, entrei em pânico. Eu só queria sair correndo dali o mais rápido possível, que ele ficasse bem atrás de mim num passado distante. Mas lembro de todos os detalhes, como se tivesse acontecido há 30 minutos e não há 3 anos. Ainda consigo sentir a minha respiração pesada, ambas as mãos em punhos e o meu coração batendo tão forte que eu achei que fosse explodir.

Ele tentou puxar mais assunto e eu simplesmente não conseguia mais responder, só sabia andar. Andar. Andar. Rápido. Rápido. Rápido. Mas o queridão tinha as pernas do tamanho da minha expectativa de vida, então não foi tarefa complicada acompanhar o meu passo.

Você acha que acabou? Não, não acabou. Tive que parar num sinal de trânsito. Sabe quando vêm uma situação e a sua cara fica meio “PUTA QUE PARIU ISSO SÓ PODER SER CARMA QUANTAS PESSOAS EU MATEI FALA PRA MIM DEUS QUANTAS OH CARALHO NÃO NAMORAL VAI TOMAR NO CU DEVEM TER AMARRADO MEU NOME NA BOCA DO SAPO MAIS FEDIDO DA PORRA DO BREJO NAMOR—“? Então.

Essa parte eu meio que não entendi até hoje. Ele foi se despedir de mim, parece, e disse algo como “eu gosto muito de você” (nesse momento veio um slide com uma fonte do WordArt com o filosófico dizer “Tá” na minha cabeça). E aí ele tentou me beijar. Várias vezes. Várias. Vezes. O cara meio que não pegou a dica de quando eu me esquivei? E tentou de novo? E eu esquivei outra vez? Põe essa cena em loop umas 10 vezes.

Aí eu fiz o que qualquer pessoa sensata faria, me taquei na frente dos carros e saí correndo. AINDA NÃO CONTENTE, o garoto foi atrás de mim. Mano, eu tava quase chorando no meio da rua. Que mais ele queria de mim, meu deus?

Ele começou a murmurar uns bagulhos que não entendi, eu só me lembro de dizer “eu só quero ir pra casa, por favor, eu só quero ir pra casa”. Então finalmente consegui ficar sozinha! Certo?

Certo. Mas quando eu estava prestes a nascer, deus olhou no fundo dos meus olhos e disse “nada na vida vai dar certo pra você, tá? Rapidão, só pra eu ver um negócio”. Tiro e queda, nada dá certo.

Enquanto eu praticamente nadava pra tentar chegar á casa, já com zero fucks given e com as sandálias na mão, passei em frente a um lugar com dois homens adultos na porta. Vamos recapitular o meu estado: completamente ensopada, com uma blusa bege, apenas uma folha A4 que eu segurava na frente dos meus peitos como se segurasse o destino da humanidade, (como já dito acima) sandálias na mão, olhos vermelhos e cheios de lágrimas, rosto vulnerável e cansado. Alvo tão fácil que parecia tutorial de jogo.

Antes de prosseguir, devo dizer que essa foi a parte que ocasionou o meu medo no dia 7. O Caso Fuckboy que contei acima foi só pra ilustrar o quão merda o dia já estava sendo e o quão vulnerável eu me encontrava na hora que o negócio aconteceu.

Eu estava sozinha, acabado de sair de qualquer que fosse aquela situação (seria legal um ponto de vista diferente do meu, mas eu acho que o cara estava usando ~técnicas abusivas~ comigo, pelo que ele disse e tal. Mas sei lá) e só queria ir pra minha casinha quente e seca.

Mas enfim, quando passei em frente ao lugar onde esses homens estavam, eu ouvi um “nossa, gatinha, você vai ficar doente, hein?” com um tom de voz tão inexplicavelmente nojento e... sei lá, não existe uma palavra na língua portuguesa que consiga definir como era. Acho que era mais como uma gosma verde-musgo que foi escorrendo da boca dele e se enroscando em mim até me sufocar. Foi bem esse o tom de voz.

Agora pausa, porque esse exato momento foi muito ?????????????. Vamos enumerar as perguntas.

1.       Qual a necessidade de dizer isso pra uma garota de 15 anos de idade ensopada e assustada?
2.       Desde quando um completo estranho se preocupa com o meu bem-estar e saúde? Desde nunca, o que nos leva à pergunta 3:
3.       O que ele pretendia conseguir com isso?

Esse momento fica na minha cabeça constantemente por conta dessas três perguntas. O objetivo era me fazer sentir como propriedade pública, onde todo mundo pode dar pitaco? Ou era para que eu ficasse ciente de que ele estava ali, observando? Olha, não sei.

O que eu sei é que, 3 anos depois, enquanto eu andava sozinha pelo temporal, eu senti medo. Não olhava pros lados, apertava tanto as chaves na minha mão que chegou a machucar e andava rápido – não pela chuva ou pela água cor de barro que sujava o meu tênis branquinho.

Tive medo de ouvir, de novo, um “nossa, gatinha, você vai ficar doente, hein?”. Tive medo de chegar à casa e me esconder, mais uma vez, debaixo do meu cobertor. Tive medo de, mais uma maldita vez, me sentir invadida, suja, como se o meu corpo fosse um objeto público que qualquer pessoa pudesse tecer comentários de qualquer sorte, porque não é como se objetos fossem se importar com alguma coisa.

E ainda tive que passar por um posto de gasolina. Sim, tenho uma história com um também, mas deixa isso pra outro post.


Então, cara, eu não quero as suas flores no 08 de março. Eu quero ser tratada como gente, não como objeto ou propriedade. Eu não quero as suas flores, porra, eu quero respeito.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobre as conquistas do ano de 2015

Long time, no see.

Trago a vossas senhorias hoje a seguinte notícia: sim, irmãos, já tenho conquistas nesse ano de 2015 que eu mal conheço mas já considero pakas (nem tanto). Sem papinho, vamos a elas.


  • Primeiro tombo de 2015
Rival: o ônibus.
Motivo: a bonita aqui tava super de boa em pé pronta pra descer do ônibus, quando eu deslizo no primeiro degrau e caio gloriosamente sentada no debaixo. E, óbvio, veio aquele *GASP* de todos os presentes. O que nos leva a...

  • Primeira tentativa de consolo por parte de estranhos de 2015
Rival: o cara que desceu do ônibus primeiro que eu.
Motivo: eu caí tão feio de bunda no degrau que o cara veio me perguntar se eu tinha me machucado. Mandei um "não, valeu, to de boa" achando que, assim, ele iria embora feliz e contente (e rindo internamente da minha queda quase olímpica - quem não, né?) pro seu trabalho. Mas não, o moço veio me contar como a prima (prima? não lembro mais) dele tinha caído naquele dia também (Associação Caídas No Ônibus foi criada ali mesmo) e como ele disse pra ela que o tombo era iminente e recebeu um "vou cair nada" em troca. Long story short, a mina caiu mesmo.

  • Primeira discussão de 2015
Rival: meu irmão.
Motivo: uma discussão sobre Charlie Hebdo que acabou indo pra "mas você é homofóbico". Longe de mim dizer que eu estava certa o tempo todo, mas eu estava certa o tempo todo. 

  • Primeira tijolada na cara de 2015
Rival: o SISU (*inhuman noises*)
Motivo: 126º lugar de 31 vagas no curso que eu queria. Seria cômico, se não fosse trágico. Porém, irmãos...

  • Primeira tijolada na cara que eu dei de 2015
Rival: o SISU (vem, monstro)
Motivo: 1º lugar de 17 vagas na minha segunda opção, Filosofia (não adianta fazer piadinha porque eu já fiz todas as piadinhas possíveis antes, já tá velho). [Demi Lovato's voice] SEGURA O MEU ARRANHA-CÉU, SEUS OTÁRIOS.

  • Primeira passada de vergonha de 2015
Rival: o zoológico.
Motivo: eu e Amanda aproximadamente 129,3% mais animadas que as crianças de 5 anos lá ("PINGUIM PINGUIM PINGUIM PING-- não tem pinguim").


Minha lista de realizações pessoais ficou muito grande pro meu gosto, até porque ainda estamos em Janeiro (ainda faltam 8 minutos pra Fevereiro, nem vem). A próxima atualização da Lista de Realizações Do Ano De 2015 provavelmente vai ser "Primeiro big monkey (micão)" porque, amigos, faculdade daqui um mês. Eu fazer alguma merda é certo, tá escrito nas estrelas. 

Mas Deus disse, faça por onde que eu te ajudarei. Então vamos fazendo.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sobre divagar(,) sobre devagar

Há um tempo atrás, eu li um daqueles tweets invasores de timeline que dizia "20 minutes of work out is better than zero minutes of work out"(Em tradução livre, "Vinte minutos de exercício é melhor que zero minutos de exercício"). Isso foi o estopim pra eu tomar vergonha na cara e voltar a malhar, não só pela questão estética (aliás, essa parte no momento anda bem pouco relevante), mas pra controlar a minha ansiedade. Sabe todo aquele blá blá blá de "exercício físico ajuda a controlar a ansiedade, melhora nos estudos e aumenta a concentração!!!!!". Então. Não sei se procede, porém. To testando agora. Se tudo der errado, pelo menos eu fico gata. I fail to see downsides to this.

De qualquer forma, esse tweet aparentemente inofensivo me fez pensar numa quantidade de coisas. Tipo, isso é válido pra qualquer parada. Fazer pouco todo dia é melhor que não fazer nada, saca? É aquela mesma história da galinha que de pouco em pouco enche o papo. A cada pouco que você adiciona, no final você tem um todo gigantesco.

Mas parece que a maior parte das pessoas meio que esquece disso, deixa de lado, não quer lembrar. As pessoas esperam que as coisas caiam sobre o colo delas totalmente feita, prontinha, maravilha. Mas não é assim que as coisas acontecem. Tudo leva tempo, tudo precisa ser construído sobre alicerces fortes que demandam um certo esforço pra serem feitos.

Eu mesma sou muito assim, de não construir as coisas com paciência. Eu fico aqui esperando o Véu Do Conhecimento Matemático cair glorioso sobre a minha cabeça assim como a Coroa Dourada Da Não-Reprovação Em Química (*whispers* assim como O Louro Sagrado Do Dom Do Songwriting). Mas isso não vai acontecer nunca; sou eu quem tem que ir lá e pegar o véu e a coroa (rola o louro também, @deus?). Mas o caminho (tortuoso, das Pedras Ardentes Dos Simulados e Os Espinhos Demoníacos Das Notas Baixas) até lá não me é dito, eu só tenho uma orientação: estudar. Eu tenho que estudar o bagulho. Mas não é com uma sentada de duas horas que, pronto, agora eu tenho meu PhD. É uma coisa de todo dia. Um crescimento contínuo.

Mas nós todos somos muito imediatistas. Tudo tem que ser inteiro e agora, senão já era. Acabou o interesse, a motivação, a vontade. O tempo é muito curto, hoje em dia. As pessoas não se dedicam o quanto elas poderiam se dedicar porque a cabeça delas está no que elas têm que fazer depois, nos filhos que chegam às cinco, no queijo que acabou, na pia que quebrou e precisa ser consertada. E, sei lá, acho que eu já to falando merda, acho que saí completamente do que ia falar no início. Que seja.

Dar com a cara na parede (nem sempre de forma não-literal) faz parte de todo aprendizado. Falhar também é experiência, também é uma pedrinha a mais no seu castelo. Botar o que foi aprendido em prática e dar tudo errado faz parte. Já era pra estar dentro do esperado. Tirar uma nota baixa em Química não significa que, nossa, acabou a esperança por aqui, já era, eu nunca vou aprender isso, chega de tentar por hoje (eu tenho que começar a me dar mais ouvidos, aliás). Claro que não. Mas não é só falhar e esperar que tudo se ajeite sozinho (nossa, eu tenho mesmo que me dar mais ouvidos). Reconhecer os seus erros, se formos falar de pedrinhas novamente, deve adicionar umas quatro pedrinhas, cara. Talvez seja a parte mais importante de todo o seu aprendizado! Errar é importante!

O negócio é não achar que a) você já sabe tudo que você precisa saber com horas condensadas de trabalho e b) o mundo acabou e você é incapaz de fazer uma determinada coisa porque dela deu errado uma determinada vez.

O mundo não acabou. As flores ainda desabrocham, as folhas ainda caem das árvores quando o ambiente não é muito úmido e os coelhos ainda se reproduzem bastante.

E eu realmente não falei sobre o que eu ia falar. Que seja.

No momento eu to esperando uma lixa de unha cair do céu porque meus dedos doem ao digitar com dez tocos de madeira nos dedos. Você tá esperando o que?

(ADDENDUM: when you hear something difficult, dont back away)

sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre (não) amar

Sabe quando você olha pra alguém e parece que toda a noção de tempo escorre pela sua boca escancarada que nem baba? Sabe aquele desconforto gostoso no estômago quando você a vê, aquela sensação de rubor nas bochechas juntamente com um sorriso largo e involuntário que você tenta esconder mas não consegue - e é isso que o deixa ainda mais charmoso? Sabe quando você se joga na cama e solta aquele suspiro quase diabético, seus olhos fecham e a sua mente faz todo o possível pra se atracar a qualquer coisa que te mantenha são e vivo, mas cedo ou tarde as ondas carregadas de todos os toques, sorrisos, palavras e momentos que não aconteceram fora do seu imaginário começam a invadir as suas narinas, depois o seu pulmão e quando se dá conta já está afogado? Pois é. Eu não.

Velho!(!!!!!!!!!!!!!!@#$%¨!!!) A única coisa capaz de expressar a minha frustração com relação a isso é um keyboard smash de quarenta e três páginas finalizado com PROTEJAM OS SEUS GATOS, EU VOU ROUBÁ-LOS TODOS. Vou roubar um gato a cada vez que alguém não rouba a minha atenção, combinado?

E vocês acham que eu sou exagerada quando eu digo que, sim, está escrito nas estrelas que vou morrer solteira. E com "solteira" quero dizer "incapaz de desenvolver qualquer tipo de sentimento amoroso para com pessoas reais e por isso destinada a viver a vida de forma rabugenta e reclamona enquanto gasta 60% do escasso salário com a ração dos vinte e sete gatos e três cachorros de que será dona". Não é, galera. Não é.

Isso não me incomodava, de verdade. Algumas pessoas simplesmente não encontram o "óh!!!-grande-amor-de-suas-vidas" e são muito felizes consigo mesmas, obrigada. Tipo, existe muito mais pra se viver na vida do que um grande amor, sabe? Mas agora alguma coisa dentro de mim fez merda e eu passei a me importar. E digo isso porque fiz a burrada de ouvir Clarice Falcão numa madrugada de domingo. Maravilha. Muito bom.

Às vezes me dá um ataque de ouvir música romântica no meio da noite como se eu precisasse delas pra algum conforto emocional, então o fato de estar ouvindo as músicas não foi o problema. A Clarice foi. Sabe (to falando muito sabe nesse texto), a Clarice ama de um jeito que me afetou. Ela ama simples, de um jeito muito puro e muito descomplicado e resolvido. É quase como se ela conseguisse passar aquela essência do amor, a calma, o conforto e a segurança de estar amando alguém (COMO SE EU SOUBESSE, MAS TÁ), e não todas as voltas e revoltas que a gente vê por aí. Não que as outras sejam ruins, não me entendam mal, mas!, cara!, a Falcão me passou essa vontade além dos maiores níveis de escrotidão de querer de fato [violino dramático] amar alguém [volta do som ambiente].

Que bosta.

É como se tivesse perdido uma parte crucial na vida de qualquer pessoa (lê-se: adolescente) e é um lugar comum à todos eles onde eu não posso entrar. É sério, você pode conversar com qualquer pessoa viva de qualquer (EU DIGO: QUALQUER (coisas vistas não podem ser desvistas, meus caros)) idade e cada uma delas vai ter uma única e singular história de como eles foram ultra super mega felizes com alguém. Pode até ter acabado, ou não ser mais feliz com aquele alguém, mas em algum momento eles foram e isso é o que importa. Mas e eu? Eu, ééé, eu, entããão né, eu. Eu não. Gente, as minhas experiências amorosas são tão estúpidas (por falta de palavra pior) que eu honestamente do fundo do meu coração nem conto como experiências. Aliás, não conto de jeito maneira. Finjo que não existe porque, eeeh, humilhação.

É muito engraçado que sou a conselheira amorosa de muitos dos meus amigos e (!!!) relações já foram pra frente por minha causa. O que é ainda mais engraçado é que os meus conselhos são tipo:
1) Se a situação tá boa, fica de boa
2) Se a situação tá ruim, dá de presente de aniversário de namoro uma passagem de ida pra Merda pela Companhia De Viagem Casa Do Caralho (trademark)

Eu sou incrível.

É, era mais ou menos isso que eu queria falar e agora eu não sei como acabar o texto. Acho que deveria acabar tipo com uma frase de efeito super esperançosa e filosófica, mas é quase uma hora da manhã e a última coisa que eu sou uma hora da manhã é esperançosa e filosófica. Faço mais o tipo roteirista dos comerciais antigos da MTV, aquela coisa meio narcótica meio dadaísta. Estraguei o texto, olha só.

Então vou terminar com uma citação do meu queridíssimo professor de uma matéria não tão queridíssima (na verdade, nem um pouco queridíssima, é tipo o antônimo de queridíssima):

"SANGUE VENOSO, ATITUDE (gritinho)"

É isso aí.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sobre lembretes pra mim mesma

O mundo não é legal. As pessoas não estão esperando a primeira oportunidade que elas encontrarem pra te dar um milhão de reais. E não, não é paranoia da sua mãe que tá passando pra você pelo ar.

Mas não são todos que estão por aí pra puxar o teu tapete. Ainda existem pessoas boas. Ache-as. E confie nelas de olhos fechados.

Entregue-se às pessoas, aos momentos, às sensações, nem que seja de vez em quando. Duas vezes por semana tá bom. É que toda essa coisa de se fechar pra vida, ser toda racionalzona com tudo e essas tentativas incessantes de não se deixar abater por tudo tá te deixando meio dormente. Aliás, essa pose toda não combina com você CHORANDO PORQUE O CENÁRIO DE THE HOBBIT É LINDO. Só te lembrando que isso aconteceu.

Coma os seus vegetais.

Não deixe ninguém te chamar de estúpida (isso inclui você mesma) ou fazer você acreditar nisso.

Cante. Alto. Muito alto. E se alguém vier reclamar, joga uma high note na cara deles (a menos que sejam seus pais, eles pagam suas contas).

Continue sem beber café. Você tá ótima sem café. (repita esse mantra a cada 10 minutos e talvez ele se torne verdade)

Imponha-se. Seja levada a sério. Faça a sua palavra valer alguma coisa. Enfie o seu "não" na garganta das pessoas até ele ser considerado uma resposta.

Ouça música. Qualquer música. E não aceite esse papinho de "boa música" de forma alguma. Se esses pseudo-entendedor-de-música-ouvinte-de-The-Beatles-e-Legião-Urbana vierem falar merda, taca K-pop na cara deles e é isso aí. Quem escolhe o que é "boa música" ou não são os seus ouvidos. Se você gostar, é ótima. Se não, não é. Pronto. Acabou.

Leia livros. Muitos deles. Caguei se é clássico ou """""""literatura de mercado""""""", o negócio é ler. E literatura de mercado é o meu ovo. Se eu quiser me entreter lendo (momentos de tensão) Nicholas Sparks ("ooooh" horrorizado da platéia) eu vou ler, não tem essa. Eu não quero questionar a minha existência a cada livro que leio, muito obrigada.

Nunca se esqueça que as pessoas mudam. As pessoas mudam, Marcela. O tempo inteiro. Aquele não foi um caso isolado. E a mudança não é algo necessariamente ruim. Mas também pode ser que seja, que vocês, antes tão bem encaixados, soltem umas faíscas depois. Mas o principal é, não importa se vocês são amigos há quinhentos anos ou uma semana, se te fizer mal é hora de abandonar o barco. Não precisa ter medo de se afastar, o outro com certeza tem muitos outros amigos pra superar a sua partida. E quanto a você...

Bem, você sempre vai ter a você mesma.


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sobre a minha capa pessoal e intransferível de invisibilidade

Você vê, né, cara, a vida é meio escrota (não, Augusto, seu discurso não vai me fazer parar de usar a  palavra escroto em todas as minhas frases pelo menos duas vezes).

Sabe aqueles dias que nossa, velho, que dia legal. Pode não ter acontecido nada demais, mas você sente que foi um dia bacana. Aí, a "dádiva" do homo sapiens sapiens entra em ação. Puta que pariu.

Eu odeio pensar. Pensar me faz botar coisas na minha cabeça que não necessariamente são verdades, mas fazer total e pleno sentido pro meu subconsciente. Tipo a minha plena certeza de que ninguém gosta de mim. Não é "não gostar de mim" no sentido romântico da expressão (até porque não gostar de mim é um favor que você me (e se) faz), mas "não gostar de mim" no sentido... sei lá. Eu não faço a menor diferença na vida das pessoas.

Eu sou um poema parnasiano. As pessoas olham pra mim e o pensamento geral é sempre "caralho, pra que essa porra existe?". Basicamente.

E não é toda aquela histó(óóóóó)ria melodramá(áááááá)tica de "sou odiado por todos, as minhas inimigas estão sempre à espreita". Não. É não fazer diferença mesmo. Estando lá ou não, não muda em nada. Eu sou meio neurótica com isso.

Esse tipo de pensamento piora quando eu vejo umas paradas tipo "Fulano entrou na faculdade com 11 anos e aos 15 já tava no doutorado". Bate mesmo aquela onda de náusea e você se pergunta o que te impediu de entrar na faculdade aos 11. Caralho, galera, aos 11 eu não sabia nem fazer conta de arme e efetue direito. EU ERRAVA CONTA DE SOMAR. E me vem um filha da puta desse entrando na faculdade quando eu achava que faculdade era jogar chapéu pra cima. Olha, vá pra merda. (Eu não lembro o nome do cidadão, mas essa parada dos 11 anos aconteceu mesmo e quem me mostrou foi uma amiga minha) (Achei o nome do filha da puta. É Hugo Grotius. É esse que eu vou pegar 12:40 na Praça do Rink. Parafraseando a Rainha Pretinha, "vai eu, a tesoura e a navalha")

Eu vejo umas cabeças brilhantes na minha sala e me dá vergonha de me assumir como um ser pensante. Sério, lá tem um pessoal fora desse mundo. E tem... eu. Aquele troço lá que nunca vai fazer uma mudança significativa no mundo pelo simples fato de não ter capacidade pra isso. Mais uma vez, não é melodrama pra ficar gente em cima de mim falando "ai, nada a ver, você é isso e aquilo e bla bla bla" porque eu odeio isso. É uma parada que já tá aceita dentro da minha cabeça. As pessoas podem falar o que elas quiserem, eu não vou mudar de opinião. É tipo filme de terror. Eu não vou deixar de ter medo porque alguém disse que é tudo mentira. Porra.

E essa sensação de ser uma grande pedaço de nada não é só na área intelectual. É na vida mesmo. É olhar ao redor e perceber que você é estepe no círculo de amizades, por exemplo. Poucas pessoas vêm falar comigo
a) sem querer alguma coisa ou
b) tendo outras pessoas pra conversar.

Eu não sou primeira opção de ninguém. Eu sou aquele curso com 0,724 candidatos por vaga e nego só faz porque não passou em nada mesmo. Nada. Nada, tipo, nada. Nem a quarta opção do indivíduo conseguiu amparar a queda.

Mas é compreensível, se formos parar pra pensar bem. Eu que sou eu não sou minha amiga, por que diabos os outros seriam? Eu não seria minha amiga nem se eu não fosse eu mesma.

E assim segue a vida, gente. Os estepes são uma parte fundamental da vida, também. Pelo menos, eles estão sempre ali na mala do carro à sua disposição, enquanto você nunca sabe até que ponto se pode confiar no pneu que está em uso.

(PELO MENOS EU SOU CRIA DO MEU PROFESSOR DE FÍSICA. Damn, right????)

domingo, 1 de junho de 2014

Sobre pessoas fazendo o que elas fazem de melhor

Olha, eu queria dizer que eu não dou a mínima. Mas eu sou uma péssima mentirosa.

Eu ligo sim. Não deveria, mas ligo. É difícil não se importar quando uma mesma coisa acontece várias vezes. É tipo ignorar treze furacões no mesmo lugar. "Não, é só coincidência. Tem nada de errado lá não. Tudo sob controle". Tá.

Caralho, por onde eu começo? Primeiro existe essa pessoa, que eu gostaria de não gostar tanto. Um dia desses, eu percebi que andava tratando o dito cujo de uma maneira meio fora do usual, meio grossa além do normal. Sentei e parei pra pensar.

Antes, um comentário: subconsciente é uma parada maravilhosa mesmo.

Continuando. Percebi (não sem correr por dias e dias de mensagem no Whatsapp) que eu sequer me lembrava e nem conseguia achar registros do indivíduo perguntando como eu estava. Dias e mais dias só falando sobre essa pessoa. Sobre os amigos dessa pessoa. Sobre os problemas dessa pessoa. Consolando essa pessoa.

Era por isso que eu andava tão irritada, até magoada, toda vez que o referido me ligava ou mandava alguma mensagem. De alguma forma, eu sabia que era pra pedir favor, pra fazer alguma coisa. Até quando o dito cujo ficava feliz em me encontrar eu já sabia que alguma coisa eu ia ter que fazer.

Isso me lembrou muito de como eu era "explorada" pelas minhas "amiguinhas" quando eu era pequena e, puta merda, só deus sabe como isso me magoa até hoje. PORRA, NEM UM BOM DIA, NEM UM "COMO VC TÁ?" FINGIDO SÓ PRA JOGAR O ASSUNTO DEPOIS. NADA. Nada.

Puta vontade de chorar. Pera aí.

Ok, beleza.

Parei pra prestar atenção nisso esses dias. Não queria sair falando merda sem ter certeza, perguntei pra Mariana. Ela confirmou. Doeu.

Eu deveria estar acostumada, né? Com as pessoas me fazendo de capacho. Óbvio que sim. Eu sou a idiota que faz tudo pra agradar os outros sempre. [pausa]. As pessoas (essa em especial) tem como certa a minha ajuda, então não é grandes coisas se eu for lá e fazer, sabe?

Isso dói. Eu passei por tanta (TANTA) coisa ruim esse ano (ainda estamos em junho). Mas é aquilo que dizem, cara, quem tá contigo nos momentos ruins, tá sempre. Foi triste não ver Essa Pessoa por lá quando eu pensei em desistir da escola e da faculdade, quando eu não queria mais ver a luz do sol, quando eu tava mal a ponto de só ouvir Daughter por dias e dias e dias e dias (Daughter é a minha consolação melancólica, o que eu ouço quando bate a crise).

"Você é minha amiga de verdade, te amo"

Eu não vou chorar, porra. Desiste.

Ok, continuando.

Amiga de verdade, claramente. Amiga de verdade não correspondida. Aquela que fica lá(áááááá) atrás, no fundo da sua cabeça, mas é a primeira de quem você lembra quando precisa de alguma coisa. E tem a certeza que a babaca vai lá e vai fazer.

Porra, perceber isso dói tanto. Ser a unrequited friend da única pessoa que eu nunca esperaria que fosse.

Chega desse assunto, vamos pro próximo. Tão doloroso quanto.

Existe essa outra pessoa. Uma das melhores que eu já conheci. Detesto falar sobre isso, mas imprimi uma folha escrito "E DAÍ?" e estou dando com ela na minha cara porque é preciso (mentira, não fiz isso, mas faria se a impressora não estivesse no outro quarto). Faz muito tempo desde que o dito cujo número dois falou decentemente comigo (longa história), mas ainda somos muito amigos (pelo menos eu acho que sim).

Faz um tempo que eu ando incomodada com a presença dessa pessoa em alguns aspectos da minha vida e, novamente, sentei e (chorei) (chorei porra nenhuma) fui refletir sobre. Mais uma descoberta: estou triste, magoada e com ciúmes.

Sim, porra, eu sou ciumenta pra caralho. E vou além, sou possessiva.

Sou raça ruim mesmo, porque NÃO CONTENTE ainda sou extremamente orgulhosa, naja e quieta.

Então eu fico aqui. Com raiva, mas sem razão nenhuma. Triste, amparada por todos os motivos. Tendo ciúme de quem pode falar com você com a naturalidade de um rio correndo.

Às vezes tenho a impressão de que A Referida Pessoa não liga mais. Até porque, já se passou tanto tempo desde que estamos nessa que só a babaca não desistiu. No discurso, ainda existe a mesma amizade forte e inabalável de antes. Mas então porque eu sinto a estrutura ruir?

Sei lá, pode ser coisa da minha cabeça. Mas ver você falando com todas essas outras pessoas, dizendo pra elas o mesmo que dizia pra mim... Dói. No mínimo, dói.

Eu sinto falta, poxa. É tão errado assim sentir falta de uma amizade como a nossa? E a culpa nem foi minha!

"Ué, se sente tanta falta d'A Referida Pessoa, vai falar com ela!"

Esse é o problema. Eu não tenho permissão.

Eu, como a má influência que sou.