quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sobre divagar(,) sobre devagar

Há um tempo atrás, eu li um daqueles tweets invasores de timeline que dizia "20 minutes of work out is better than zero minutes of work out"(Em tradução livre, "Vinte minutos de exercício é melhor que zero minutos de exercício"). Isso foi o estopim pra eu tomar vergonha na cara e voltar a malhar, não só pela questão estética (aliás, essa parte no momento anda bem pouco relevante), mas pra controlar a minha ansiedade. Sabe todo aquele blá blá blá de "exercício físico ajuda a controlar a ansiedade, melhora nos estudos e aumenta a concentração!!!!!". Então. Não sei se procede, porém. To testando agora. Se tudo der errado, pelo menos eu fico gata. I fail to see downsides to this.

De qualquer forma, esse tweet aparentemente inofensivo me fez pensar numa quantidade de coisas. Tipo, isso é válido pra qualquer parada. Fazer pouco todo dia é melhor que não fazer nada, saca? É aquela mesma história da galinha que de pouco em pouco enche o papo. A cada pouco que você adiciona, no final você tem um todo gigantesco.

Mas parece que a maior parte das pessoas meio que esquece disso, deixa de lado, não quer lembrar. As pessoas esperam que as coisas caiam sobre o colo delas totalmente feita, prontinha, maravilha. Mas não é assim que as coisas acontecem. Tudo leva tempo, tudo precisa ser construído sobre alicerces fortes que demandam um certo esforço pra serem feitos.

Eu mesma sou muito assim, de não construir as coisas com paciência. Eu fico aqui esperando o Véu Do Conhecimento Matemático cair glorioso sobre a minha cabeça assim como a Coroa Dourada Da Não-Reprovação Em Química (*whispers* assim como O Louro Sagrado Do Dom Do Songwriting). Mas isso não vai acontecer nunca; sou eu quem tem que ir lá e pegar o véu e a coroa (rola o louro também, @deus?). Mas o caminho (tortuoso, das Pedras Ardentes Dos Simulados e Os Espinhos Demoníacos Das Notas Baixas) até lá não me é dito, eu só tenho uma orientação: estudar. Eu tenho que estudar o bagulho. Mas não é com uma sentada de duas horas que, pronto, agora eu tenho meu PhD. É uma coisa de todo dia. Um crescimento contínuo.

Mas nós todos somos muito imediatistas. Tudo tem que ser inteiro e agora, senão já era. Acabou o interesse, a motivação, a vontade. O tempo é muito curto, hoje em dia. As pessoas não se dedicam o quanto elas poderiam se dedicar porque a cabeça delas está no que elas têm que fazer depois, nos filhos que chegam às cinco, no queijo que acabou, na pia que quebrou e precisa ser consertada. E, sei lá, acho que eu já to falando merda, acho que saí completamente do que ia falar no início. Que seja.

Dar com a cara na parede (nem sempre de forma não-literal) faz parte de todo aprendizado. Falhar também é experiência, também é uma pedrinha a mais no seu castelo. Botar o que foi aprendido em prática e dar tudo errado faz parte. Já era pra estar dentro do esperado. Tirar uma nota baixa em Química não significa que, nossa, acabou a esperança por aqui, já era, eu nunca vou aprender isso, chega de tentar por hoje (eu tenho que começar a me dar mais ouvidos, aliás). Claro que não. Mas não é só falhar e esperar que tudo se ajeite sozinho (nossa, eu tenho mesmo que me dar mais ouvidos). Reconhecer os seus erros, se formos falar de pedrinhas novamente, deve adicionar umas quatro pedrinhas, cara. Talvez seja a parte mais importante de todo o seu aprendizado! Errar é importante!

O negócio é não achar que a) você já sabe tudo que você precisa saber com horas condensadas de trabalho e b) o mundo acabou e você é incapaz de fazer uma determinada coisa porque dela deu errado uma determinada vez.

O mundo não acabou. As flores ainda desabrocham, as folhas ainda caem das árvores quando o ambiente não é muito úmido e os coelhos ainda se reproduzem bastante.

E eu realmente não falei sobre o que eu ia falar. Que seja.

No momento eu to esperando uma lixa de unha cair do céu porque meus dedos doem ao digitar com dez tocos de madeira nos dedos. Você tá esperando o que?

(ADDENDUM: when you hear something difficult, dont back away)

sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre (não) amar

Sabe quando você olha pra alguém e parece que toda a noção de tempo escorre pela sua boca escancarada que nem baba? Sabe aquele desconforto gostoso no estômago quando você a vê, aquela sensação de rubor nas bochechas juntamente com um sorriso largo e involuntário que você tenta esconder mas não consegue - e é isso que o deixa ainda mais charmoso? Sabe quando você se joga na cama e solta aquele suspiro quase diabético, seus olhos fecham e a sua mente faz todo o possível pra se atracar a qualquer coisa que te mantenha são e vivo, mas cedo ou tarde as ondas carregadas de todos os toques, sorrisos, palavras e momentos que não aconteceram fora do seu imaginário começam a invadir as suas narinas, depois o seu pulmão e quando se dá conta já está afogado? Pois é. Eu não.

Velho!(!!!!!!!!!!!!!!@#$%¨!!!) A única coisa capaz de expressar a minha frustração com relação a isso é um keyboard smash de quarenta e três páginas finalizado com PROTEJAM OS SEUS GATOS, EU VOU ROUBÁ-LOS TODOS. Vou roubar um gato a cada vez que alguém não rouba a minha atenção, combinado?

E vocês acham que eu sou exagerada quando eu digo que, sim, está escrito nas estrelas que vou morrer solteira. E com "solteira" quero dizer "incapaz de desenvolver qualquer tipo de sentimento amoroso para com pessoas reais e por isso destinada a viver a vida de forma rabugenta e reclamona enquanto gasta 60% do escasso salário com a ração dos vinte e sete gatos e três cachorros de que será dona". Não é, galera. Não é.

Isso não me incomodava, de verdade. Algumas pessoas simplesmente não encontram o "óh!!!-grande-amor-de-suas-vidas" e são muito felizes consigo mesmas, obrigada. Tipo, existe muito mais pra se viver na vida do que um grande amor, sabe? Mas agora alguma coisa dentro de mim fez merda e eu passei a me importar. E digo isso porque fiz a burrada de ouvir Clarice Falcão numa madrugada de domingo. Maravilha. Muito bom.

Às vezes me dá um ataque de ouvir música romântica no meio da noite como se eu precisasse delas pra algum conforto emocional, então o fato de estar ouvindo as músicas não foi o problema. A Clarice foi. Sabe (to falando muito sabe nesse texto), a Clarice ama de um jeito que me afetou. Ela ama simples, de um jeito muito puro e muito descomplicado e resolvido. É quase como se ela conseguisse passar aquela essência do amor, a calma, o conforto e a segurança de estar amando alguém (COMO SE EU SOUBESSE, MAS TÁ), e não todas as voltas e revoltas que a gente vê por aí. Não que as outras sejam ruins, não me entendam mal, mas!, cara!, a Falcão me passou essa vontade além dos maiores níveis de escrotidão de querer de fato [violino dramático] amar alguém [volta do som ambiente].

Que bosta.

É como se tivesse perdido uma parte crucial na vida de qualquer pessoa (lê-se: adolescente) e é um lugar comum à todos eles onde eu não posso entrar. É sério, você pode conversar com qualquer pessoa viva de qualquer (EU DIGO: QUALQUER (coisas vistas não podem ser desvistas, meus caros)) idade e cada uma delas vai ter uma única e singular história de como eles foram ultra super mega felizes com alguém. Pode até ter acabado, ou não ser mais feliz com aquele alguém, mas em algum momento eles foram e isso é o que importa. Mas e eu? Eu, ééé, eu, entããão né, eu. Eu não. Gente, as minhas experiências amorosas são tão estúpidas (por falta de palavra pior) que eu honestamente do fundo do meu coração nem conto como experiências. Aliás, não conto de jeito maneira. Finjo que não existe porque, eeeh, humilhação.

É muito engraçado que sou a conselheira amorosa de muitos dos meus amigos e (!!!) relações já foram pra frente por minha causa. O que é ainda mais engraçado é que os meus conselhos são tipo:
1) Se a situação tá boa, fica de boa
2) Se a situação tá ruim, dá de presente de aniversário de namoro uma passagem de ida pra Merda pela Companhia De Viagem Casa Do Caralho (trademark)

Eu sou incrível.

É, era mais ou menos isso que eu queria falar e agora eu não sei como acabar o texto. Acho que deveria acabar tipo com uma frase de efeito super esperançosa e filosófica, mas é quase uma hora da manhã e a última coisa que eu sou uma hora da manhã é esperançosa e filosófica. Faço mais o tipo roteirista dos comerciais antigos da MTV, aquela coisa meio narcótica meio dadaísta. Estraguei o texto, olha só.

Então vou terminar com uma citação do meu queridíssimo professor de uma matéria não tão queridíssima (na verdade, nem um pouco queridíssima, é tipo o antônimo de queridíssima):

"SANGUE VENOSO, ATITUDE (gritinho)"

É isso aí.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sobre lembretes pra mim mesma

O mundo não é legal. As pessoas não estão esperando a primeira oportunidade que elas encontrarem pra te dar um milhão de reais. E não, não é paranoia da sua mãe que tá passando pra você pelo ar.

Mas não são todos que estão por aí pra puxar o teu tapete. Ainda existem pessoas boas. Ache-as. E confie nelas de olhos fechados.

Entregue-se às pessoas, aos momentos, às sensações, nem que seja de vez em quando. Duas vezes por semana tá bom. É que toda essa coisa de se fechar pra vida, ser toda racionalzona com tudo e essas tentativas incessantes de não se deixar abater por tudo tá te deixando meio dormente. Aliás, essa pose toda não combina com você CHORANDO PORQUE O CENÁRIO DE THE HOBBIT É LINDO. Só te lembrando que isso aconteceu.

Coma os seus vegetais.

Não deixe ninguém te chamar de estúpida (isso inclui você mesma) ou fazer você acreditar nisso.

Cante. Alto. Muito alto. E se alguém vier reclamar, joga uma high note na cara deles (a menos que sejam seus pais, eles pagam suas contas).

Continue sem beber café. Você tá ótima sem café. (repita esse mantra a cada 10 minutos e talvez ele se torne verdade)

Imponha-se. Seja levada a sério. Faça a sua palavra valer alguma coisa. Enfie o seu "não" na garganta das pessoas até ele ser considerado uma resposta.

Ouça música. Qualquer música. E não aceite esse papinho de "boa música" de forma alguma. Se esses pseudo-entendedor-de-música-ouvinte-de-The-Beatles-e-Legião-Urbana vierem falar merda, taca K-pop na cara deles e é isso aí. Quem escolhe o que é "boa música" ou não são os seus ouvidos. Se você gostar, é ótima. Se não, não é. Pronto. Acabou.

Leia livros. Muitos deles. Caguei se é clássico ou """""""literatura de mercado""""""", o negócio é ler. E literatura de mercado é o meu ovo. Se eu quiser me entreter lendo (momentos de tensão) Nicholas Sparks ("ooooh" horrorizado da platéia) eu vou ler, não tem essa. Eu não quero questionar a minha existência a cada livro que leio, muito obrigada.

Nunca se esqueça que as pessoas mudam. As pessoas mudam, Marcela. O tempo inteiro. Aquele não foi um caso isolado. E a mudança não é algo necessariamente ruim. Mas também pode ser que seja, que vocês, antes tão bem encaixados, soltem umas faíscas depois. Mas o principal é, não importa se vocês são amigos há quinhentos anos ou uma semana, se te fizer mal é hora de abandonar o barco. Não precisa ter medo de se afastar, o outro com certeza tem muitos outros amigos pra superar a sua partida. E quanto a você...

Bem, você sempre vai ter a você mesma.


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sobre a minha capa pessoal e intransferível de invisibilidade

Você vê, né, cara, a vida é meio escrota (não, Augusto, seu discurso não vai me fazer parar de usar a  palavra escroto em todas as minhas frases pelo menos duas vezes).

Sabe aqueles dias que nossa, velho, que dia legal. Pode não ter acontecido nada demais, mas você sente que foi um dia bacana. Aí, a "dádiva" do homo sapiens sapiens entra em ação. Puta que pariu.

Eu odeio pensar. Pensar me faz botar coisas na minha cabeça que não necessariamente são verdades, mas fazer total e pleno sentido pro meu subconsciente. Tipo a minha plena certeza de que ninguém gosta de mim. Não é "não gostar de mim" no sentido romântico da expressão (até porque não gostar de mim é um favor que você me (e se) faz), mas "não gostar de mim" no sentido... sei lá. Eu não faço a menor diferença na vida das pessoas.

Eu sou um poema parnasiano. As pessoas olham pra mim e o pensamento geral é sempre "caralho, pra que essa porra existe?". Basicamente.

E não é toda aquela histó(óóóóó)ria melodramá(áááááá)tica de "sou odiado por todos, as minhas inimigas estão sempre à espreita". Não. É não fazer diferença mesmo. Estando lá ou não, não muda em nada. Eu sou meio neurótica com isso.

Esse tipo de pensamento piora quando eu vejo umas paradas tipo "Fulano entrou na faculdade com 11 anos e aos 15 já tava no doutorado". Bate mesmo aquela onda de náusea e você se pergunta o que te impediu de entrar na faculdade aos 11. Caralho, galera, aos 11 eu não sabia nem fazer conta de arme e efetue direito. EU ERRAVA CONTA DE SOMAR. E me vem um filha da puta desse entrando na faculdade quando eu achava que faculdade era jogar chapéu pra cima. Olha, vá pra merda. (Eu não lembro o nome do cidadão, mas essa parada dos 11 anos aconteceu mesmo e quem me mostrou foi uma amiga minha) (Achei o nome do filha da puta. É Hugo Grotius. É esse que eu vou pegar 12:40 na Praça do Rink. Parafraseando a Rainha Pretinha, "vai eu, a tesoura e a navalha")

Eu vejo umas cabeças brilhantes na minha sala e me dá vergonha de me assumir como um ser pensante. Sério, lá tem um pessoal fora desse mundo. E tem... eu. Aquele troço lá que nunca vai fazer uma mudança significativa no mundo pelo simples fato de não ter capacidade pra isso. Mais uma vez, não é melodrama pra ficar gente em cima de mim falando "ai, nada a ver, você é isso e aquilo e bla bla bla" porque eu odeio isso. É uma parada que já tá aceita dentro da minha cabeça. As pessoas podem falar o que elas quiserem, eu não vou mudar de opinião. É tipo filme de terror. Eu não vou deixar de ter medo porque alguém disse que é tudo mentira. Porra.

E essa sensação de ser uma grande pedaço de nada não é só na área intelectual. É na vida mesmo. É olhar ao redor e perceber que você é estepe no círculo de amizades, por exemplo. Poucas pessoas vêm falar comigo
a) sem querer alguma coisa ou
b) tendo outras pessoas pra conversar.

Eu não sou primeira opção de ninguém. Eu sou aquele curso com 0,724 candidatos por vaga e nego só faz porque não passou em nada mesmo. Nada. Nada, tipo, nada. Nem a quarta opção do indivíduo conseguiu amparar a queda.

Mas é compreensível, se formos parar pra pensar bem. Eu que sou eu não sou minha amiga, por que diabos os outros seriam? Eu não seria minha amiga nem se eu não fosse eu mesma.

E assim segue a vida, gente. Os estepes são uma parte fundamental da vida, também. Pelo menos, eles estão sempre ali na mala do carro à sua disposição, enquanto você nunca sabe até que ponto se pode confiar no pneu que está em uso.

(PELO MENOS EU SOU CRIA DO MEU PROFESSOR DE FÍSICA. Damn, right????)

domingo, 1 de junho de 2014

Sobre pessoas fazendo o que elas fazem de melhor

Olha, eu queria dizer que eu não dou a mínima. Mas eu sou uma péssima mentirosa.

Eu ligo sim. Não deveria, mas ligo. É difícil não se importar quando uma mesma coisa acontece várias vezes. É tipo ignorar treze furacões no mesmo lugar. "Não, é só coincidência. Tem nada de errado lá não. Tudo sob controle". Tá.

Caralho, por onde eu começo? Primeiro existe essa pessoa, que eu gostaria de não gostar tanto. Um dia desses, eu percebi que andava tratando o dito cujo de uma maneira meio fora do usual, meio grossa além do normal. Sentei e parei pra pensar.

Antes, um comentário: subconsciente é uma parada maravilhosa mesmo.

Continuando. Percebi (não sem correr por dias e dias de mensagem no Whatsapp) que eu sequer me lembrava e nem conseguia achar registros do indivíduo perguntando como eu estava. Dias e mais dias só falando sobre essa pessoa. Sobre os amigos dessa pessoa. Sobre os problemas dessa pessoa. Consolando essa pessoa.

Era por isso que eu andava tão irritada, até magoada, toda vez que o referido me ligava ou mandava alguma mensagem. De alguma forma, eu sabia que era pra pedir favor, pra fazer alguma coisa. Até quando o dito cujo ficava feliz em me encontrar eu já sabia que alguma coisa eu ia ter que fazer.

Isso me lembrou muito de como eu era "explorada" pelas minhas "amiguinhas" quando eu era pequena e, puta merda, só deus sabe como isso me magoa até hoje. PORRA, NEM UM BOM DIA, NEM UM "COMO VC TÁ?" FINGIDO SÓ PRA JOGAR O ASSUNTO DEPOIS. NADA. Nada.

Puta vontade de chorar. Pera aí.

Ok, beleza.

Parei pra prestar atenção nisso esses dias. Não queria sair falando merda sem ter certeza, perguntei pra Mariana. Ela confirmou. Doeu.

Eu deveria estar acostumada, né? Com as pessoas me fazendo de capacho. Óbvio que sim. Eu sou a idiota que faz tudo pra agradar os outros sempre. [pausa]. As pessoas (essa em especial) tem como certa a minha ajuda, então não é grandes coisas se eu for lá e fazer, sabe?

Isso dói. Eu passei por tanta (TANTA) coisa ruim esse ano (ainda estamos em junho). Mas é aquilo que dizem, cara, quem tá contigo nos momentos ruins, tá sempre. Foi triste não ver Essa Pessoa por lá quando eu pensei em desistir da escola e da faculdade, quando eu não queria mais ver a luz do sol, quando eu tava mal a ponto de só ouvir Daughter por dias e dias e dias e dias (Daughter é a minha consolação melancólica, o que eu ouço quando bate a crise).

"Você é minha amiga de verdade, te amo"

Eu não vou chorar, porra. Desiste.

Ok, continuando.

Amiga de verdade, claramente. Amiga de verdade não correspondida. Aquela que fica lá(áááááá) atrás, no fundo da sua cabeça, mas é a primeira de quem você lembra quando precisa de alguma coisa. E tem a certeza que a babaca vai lá e vai fazer.

Porra, perceber isso dói tanto. Ser a unrequited friend da única pessoa que eu nunca esperaria que fosse.

Chega desse assunto, vamos pro próximo. Tão doloroso quanto.

Existe essa outra pessoa. Uma das melhores que eu já conheci. Detesto falar sobre isso, mas imprimi uma folha escrito "E DAÍ?" e estou dando com ela na minha cara porque é preciso (mentira, não fiz isso, mas faria se a impressora não estivesse no outro quarto). Faz muito tempo desde que o dito cujo número dois falou decentemente comigo (longa história), mas ainda somos muito amigos (pelo menos eu acho que sim).

Faz um tempo que eu ando incomodada com a presença dessa pessoa em alguns aspectos da minha vida e, novamente, sentei e (chorei) (chorei porra nenhuma) fui refletir sobre. Mais uma descoberta: estou triste, magoada e com ciúmes.

Sim, porra, eu sou ciumenta pra caralho. E vou além, sou possessiva.

Sou raça ruim mesmo, porque NÃO CONTENTE ainda sou extremamente orgulhosa, naja e quieta.

Então eu fico aqui. Com raiva, mas sem razão nenhuma. Triste, amparada por todos os motivos. Tendo ciúme de quem pode falar com você com a naturalidade de um rio correndo.

Às vezes tenho a impressão de que A Referida Pessoa não liga mais. Até porque, já se passou tanto tempo desde que estamos nessa que só a babaca não desistiu. No discurso, ainda existe a mesma amizade forte e inabalável de antes. Mas então porque eu sinto a estrutura ruir?

Sei lá, pode ser coisa da minha cabeça. Mas ver você falando com todas essas outras pessoas, dizendo pra elas o mesmo que dizia pra mim... Dói. No mínimo, dói.

Eu sinto falta, poxa. É tão errado assim sentir falta de uma amizade como a nossa? E a culpa nem foi minha!

"Ué, se sente tanta falta d'A Referida Pessoa, vai falar com ela!"

Esse é o problema. Eu não tenho permissão.

Eu, como a má influência que sou.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sobre coisas que eu deveria fazer

Primeiro de tudo, eu deveria parar de beber café. Total, absoluta e definitivamente. Não querendo me estender muito sobre, mas eu bebo isso desde uns nove ou dez anos. A cafeína nem faz mais efeito em mim mais. Lembro que depois de algumas dessas madrugadas sem dormir da vida, eu costumava beber uma caneca (aproximadamente 250mL só pra você ter uma noção) de café bem forte, pra dar aquela acordada. Não dava certo. Nunca. Continuava zumbi pelo resto do dia. Bocejo. Piscada longa. Ardência no olho. Bocejo. E assim vai.

Eu deveria parar de deixar as coisas pela metade.

Eu deveria me alimentar melhor. Não (só) em termos de blá-blá-blá-vitaminas-legumes-vegetais, mas comer com regularidade. Parar de pular refeições. Parar de passar horas sem comer porque eu simplesmente não to a fim.

Eu deveria parar de ter medo das pessoas. De professores, principalmente. Mas também de alunos.

Eu deveria me preocupar menos e estudar mais.

Eu deveria parar de deixar as coisas pela metade.

Eu deveria parar de ouvir Daughter e as demais bandas e músicas que me puxam pra baixo. Meio difícil. As outras eu até posso conseguir, mas Daughter... Duvido. Daughter é uma daquelas bandas que te arrasta pra um estado de torpor depressivo que, no final das contas, é uma experiência muito boa. Mas faz mal. Assim como tudo que é bom.

Eu deveria parar de me irritar com coisas pequenas. Sobre isso, só um comentário: se irritar com coisas pequenas e tolerar coisas grandes.

Eu deveria dizer aos meus pais que quero fazer música e viver disso um dia.

Eu deveria fazer terapia. Sério.

Eu deveria cuidar melhor da minha saúde, mas eu não ligo o suficiente pra mim mesma pra isso. Então deixa pra lá.

Eu deveria parar de deixar as coisas pela metade.

Mas eu sou metade. Metade de uma vida, passada metade no inferno, metade no purgatório, aprendendo metade do que deveria, fazendo metade do que queria.

Deixa pra lá.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Sobre ser Team Heráclito

"Nada é permanente, salvo a mudança."

Começo o desabafo de hoje com essa (possível -- jamais confie na internet) citação de Heráclito. É, um daqueles caras que você decora pra fazer prova de Filosofia (NÃO DEVERIA, SEU PALHAÇO, FILOSOFIA É PRA ESTUDAR DIREITO).

Mas, velho, presta atenção. O cara era sinistro.

Heráclito dizia que tudo está em permanente mudança. Que, assim como as águas dos rios, o ser humano se renova a cada momento. E isso é verdade, cara. Tenho certeza que você já conversou com um pessoa e mudou totalmente seu modo de enxergar alguma coisa. Ou alguma coisa que essa pessoa disse provocou uma série de pensamentos que, puta merda, qual o mundo que eu vivia mesmo? Ou até quando alguém fala uma parada tão estúpida que isso altera por completo a visão que você tinha dela. Sei lá, né, gente, acontece.

Pra mim, é inconcebível a ideia de que as coisas são imutáveis, são o que são e ponto final. É impossível pensar que não há nenhum tipo de alteração constante nas coisas, na natureza, quando nós, relés seres humanos, estamos em contínua mudança -- não só mental, mas também física -- e continuaremos mudando até depois de mortos. E, cara, assim como as águas dos rios se renovam a cada instante, também se renova o calor do fogo, o sopro do vento, a força da terra, a mente do ser.

Somos Homo sapiens sapiens, tão filhos do Universo como o Sol e as estrelas, tão natureza quanto os rios, as florestas. Mudamos junto com eles, por causa deles, transformando-nos neles. Somos tão responsáveis pelas mudanças do que é natural como isso também o é pela nossa própria. Adaptamo-nos ao meio, não só física, mas também intelectualmente.

Confuso. Muito confuso.

De qualquer forma, nós somos parte de um grande organismo vivo, e justamente por ser vivo, pulsante, ele está em incessante mudança. Porque o que é vivo tende a transpor a si próprio.

Não há ser ou espaço que passe intacto pela dádiva que é vida, meus caros.

OBS: Me expulsem do ano de 2014. Sei lá, eu tinha mais coisa pra falar sobre isso. Melhor não.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sobre paradas legais e outras não tão legais assim

Meu plano pra hoje, depois de um mês de pura (mais ou menos) dedicação aos estudos (mais reclamando do que de fato estudando), era escrever sobre uma parada legal.

Aí eu lembrei que não consigo falar sobre paradas legais, interessante, relevantes pras pessoas. Geralmente o que eu faço é reclamar, galera. Não tem jeito.

Mas falando em reclamar, acho que não estou em posição de fazer isso agora. Pra ser sincera, nunca estive, mas fingia estar porque eu precisava pensar que tinha um motivo pra falar merda pra não me sentir ainda pior. Tá, isso fez zero sentido. Mas mesmo assim.

Antes de ir direto ao ponto, uma divagação: acho que as sucessivas crises que eu tive durante os últimos meses (????) foram meio que transformando a Marcela Otimista Raio De Sol 24 Horas Por Dia em Marcela Realista Sol Com Algumas Nuvens Pancadas De Chuva À Tarde E À Noite. E isso é uma merda. Eu gostava de ser otimista, de achar um lado positivo em qualquer problema, nem que seja "olha, pelo menos você não tem câncer". Vamos ser sinceros, a possibilidade da pessoa sofrer de algum câncer nessa vida é muito grande.

Mas enfim, o fato é que parece que as lentes cor-de-rosa que cobriam os meus olhos estão caindo cada vez mais rápido e com elas cai também a perspectiva de um futuro bacana. Sei lá, acho que é o peso dos meus já-quase-batendo-na-minha-porta 18 anos que está me puxando pr'O Mundo Adulto. Só que perguntar se eu quero ir, que é bom, nada, né?

Parece que a cada dia que passa é um passo que eu dou pra trás, não pra frente. As coisas sempre parecem estar sempre mais e mais longe de mim. E, cara, isso não tá servindo de motivação, não. Eu estou cansada.

Mas ao mesmo tempo que estou cansada, pensar na vidinha medíocre que provavelmente me espera me assusta. De duas coisas tenho certeza: minha cadeirinha ao lado do Satanás tá guardada (só com as heresias que disse em 17 anos de vida, eu já reservei meu lugar no quentinho) e eu não quero contar pra ele pela eternidade como era legal ter uma rotina babaca, num trabalho babaca, rodeada de gente babaca sendo babaca. Não, gente. Não. Sat não me esperou esse tempo todo pra isso, fala sério.

Legal que eu disse no início do texto que "não tenho motivos pra reclamar", mas olha o que fiz durante ele todo. Desculpa, reclamar é mais forte que a minha vontade de ser uma pessoa menos reclamona. Não ligo.

Apesar de tudo isso, as coisas parecem melhorar num lado da história. O meu ambiente escolar, agora que eu mudei de sala, melhorou em 400%, sério. Só de já não entrar mais em sala e lamentar não ter trago o fuzil que nunca tive já fez, ó, uma diferença absurda.

E ainda temos o Music Bank que vai ter em junho (EU VOU VER MINHAS CRIANÇAS, SAIAM DA MINHA FRENTE), o que significa que, além de ver as minhas crianças (MINHAS CRIANÇAS!!!), eu vou também ver a Nemo, depois de três anos de amizade via internet. O que estou sentindo transcende a felicidade.

Mas.

Mas.

Maaaaaaaaaaaaaaaas.

Aí entra o lado desconfiado/realista/babaca de Marcela. Sabe aquela sensação de "tá tudo muito bom pra ser verdade"? Então.

Sou adepta daquele conceito de vida e felicidade do Schopenhauer que Giovana (<3) nos apresentou um dia. A sua existência é uma linha de sofrimento com alguns intervalos onde acontecem coisas legais. Eu to no Intervalo Das Coisas Legais agora, mas a minha cabeça tá buscando quando ele vai acabar. Entende?

Eu aguardo o próximo bloco de sofrimento como quem tem malária espera a próxima febre. E todos nós sabemos que a espera é a pior parte.

OBS: AYOOOOOOOOO FOI MAL.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Sobre escapar

Cara, tá foda.

Essa frase sumariza todo o meu ano até o presente momento.

Cara, tá foda.

Estou muito cansada. Exausta. Esgotada. Estressada. Com vontade de chorar de tão acabada, mas nada sai. Acho que isso é resultado de anos e mais anos de estudo combinados com a minha crescente e eminente ansiedade (e ela, sempre ela, a depressão). Pode ser também pela pressão de passar no vestibular -- clichê, mas é um drama real -- porque, cara, muito na minha vida depende disso, por mais que o que eu queira não esteja na faculdade. É estabilidade, tempo pra pensar, orgulho pros meus pais. E nem por todas as coisas boas do mundo os meus pés voltam a pisar numa escola.

A pior parte de estar exausto é saber que você vai acordar no dia seguinte. Vai ter que botar a cara no mundo e fazer tudo o que sempre fez porque não existem escolhas a serem feitas. Não tem saída, irmão. Ou você faz, ou o mundo te engole.

Tem horas que eu queria ser engolida pelo mundo. Não é como se fosse fazer falta pra alguém. Não é como se fossem fazer luto de sete dias e sete noites. Não é como se as pessoas se importassem porque, bam, elas não se importam. A maioria, pelo menos, não. E a sensação de a minha presença não fazer a menor diferença entre as outras sete bilhões de presenças no mundo meio que piora as coisas. Chato isso.

Mas, olha, eu ficaria satisfeita se eu pudesse só escapar. Sair daqui, ir pra qualquer lugar o mais longe possível de tudo que me é conhecido. Ir pra um lugar onde ninguém soubesse o meu nome (não é muito difícil por conta da minha grandíssima popularidade, mas você entendeu), onde eu não conhecesse ninguém (novamente, não muito difícil, mas você entendeu, seu bosta). Totalmente largada no mundo, sem telefone (ODEIO TELEFONE, MEU DEUS, COMO EU ODEIO), sem internet, sem nenhum meio de comunicação com a realidade que estou acostumada. Só um caderno, meu notebook, minhas músicas, algumas canetas, talvez um dicionário normal e outro de rimas.

Ia me fazer muito bem, coisa e tal, mas não dá pra sonhar demais com o fantasma de um simulado de matemática e química bafejando no meu cangote. Escroto, né? A realidade te puxa dos devaneios tão bruscamente que você chega a se perguntar por que devanear, em primeiro lugar. O sonho não tem espaço quando se existem roteiros pra fazer, matérias pra estudar, simulados, provas, rankings, vestibular, inscrição, exercício, módulo, módulo, módulo, módulo...

Não tem saída, irmão. Não tem pra onde correr.

Fugir disso, na época em que estamos, é como fugir da morte. Ou fugir para a morte. A morte da sua mente, quando você sabe bem que é um fraco, um perdedor, um desistente, um erro da natureza destinado a conquistar derrotas. A morte de qualquer faísca de orgulho dos seus pais, que vão ser obrigados a tentar entender uma coisa subjetiva e completamente íntima sua e ficar com aquele discursinho de "nós te amamos de qualquer jeito!", mas na verdade eles morrem de inveja do filho do vizinho que passou pra Medicina. Talvez a própria Morte mesmo, não existem vários casos de suicídio por conta do estresse? Ninguém sabe o quanto os outros podem aguentar. E ninguém pode ser julgado pelos seus limites.

Enquanto fugir não é uma opção, eu continuo aqui. Existindo, tentando suportar essa crise existencial escrota, fazendo o máximo pra não cagar pros estudos, guardando todos os gritos e lágrimas pesadas de frustração dentro de mim, digerindo essa sensação de vazio, de despertencimento, de inadequação. De derrota. De falha.

Se eu chegar até o fim do ano viva, é porque morri há muito tempo.


terça-feira, 1 de abril de 2014

Sobre (não) pertencer a algum lugar

Não sei como começar esse texto, assim como não sei como começar coisas. Começos são muito complicados, creio. Mas vou tentar.

Estava eu ontem lendo o segundo caderno do jornal O Globo (lembrei de comprar depois de umas duas semanas de "MERDA, ESQUECI!" seguidos por tapas na testa), quando me deparo com um texto falando sobre um livro de um escritor americano que até então me era desconhecido.

O nome é Paul Theroux e a obra se chama "O rio inferior". Nele, Paul fala sobre viagens e voltar a lugares que um dia te trouxeram felicidade. Foi baseado em suas próprias experiências, já que ele é um cara que curte dar aquela escapadinha marota.

Acho que não preciso dizer que o texto inteiro foi sobre o sentimento de viajar. E isso me lembrou de algumas coisas que andavam meio soterradas aqui dentro.

Pra fechar o caixão, eu e a minha mãe tivemos uma conversa (mais ou menos) sobre viagens. O dia ontem estava propício, pra você ver.

Eu nunca me senti como se pertencesse a algum lugar. Mesmo amando o país que vivo com tudo que há dentro de mim, não me sinto como se fizesse parte daqui. Nem de lugar nenhum. Nem de grupo social nenhum. Sempre estive só, sempre estarei só. É como as coisas são. 

Não sabemos quem somos até sairmos de casa (Paul Theroux)

Essa foi a frase que me despertou alguma coisa. Acho que o meu problema com pertencimento vem de eu não saber quem sou. Não sinto como se eu tivesse uma única definição pro que sou. Acho que sou uma função. Tudo que sou depende do ambiente em que me botam, a condição que me é imposta, o valor que me assumem.

E, maluco, isso é chatão.

Eu sinto como se eu não tivesse alguma coisa pra me sustentar. Se alguém chegar e me perguntar qualquer coisa sobre mim, não vou saber responder porque eu não sei. E acho que já deixei bem claro o ódio que tenho de perguntas sem resposta. Essa é mais uma delas.

Eu preciso me achar. Não necessariamente me definir, mas me saber. Compreender. Ter uma imagem minha, do que sou, do que quero ser. Como as pessoas esperam que eu saiba o que quero ser se não sei nem o básico sobre mim?

Quer dizer, eu sei muito sobre os outros. Sei seus aniversários (geralmente. E isso vem da minha obsessão com datas), seus gostos, como elas agem, o que elas fazem em determinadas situações, seus trejeitos, suas frases feitas. Tudo. Mas o que eu sei sobre mim?

"Oi, meu nome é Marcela e eu gosto da cor azul."

"Oi, meu nome é Marcela e eu gasto 8,80 reais num cappuccino porque é gostoso."

Patético.

Eu preciso sair daqui, fugir desse lugar, dessa casa, do que é confortável (em partes). Eu preciso meter a cara no mundo, sair por aí sem destino, sem hora pra voltar.

Às vezes me pego pensando se essa coisa de não pertencer a lugar nenhum significa que eu pertenço a todos os lugares. Que sou uma cigana (fora das minhas próprias piadas com a minha vida acadêmica derrotada), que eu não consigo passar mais de um dia respirando o mesmo ar, vendo as mesmas pessoas.

Talvez eu seja feita pra fugir. Escapar de madrugada das garras do sentimento de pertencimento, pulando a janela e caçando o horizonte só com a roupa do corpo.

Talvez eu não seja feita pra pertencer a alguma coisa (ou a alguém). Talvez eu tenha alma de viajante. Talvez tudo que eu precise é uma mala, um passaporte e um casaquinho porque pode estar frio.

Vai saber.

OBS: texto confuso e meia-boca (normal). Desculpa.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Sobre medo

Estava o diretor do meu colégio hoje dando uma palestra antes de darmos início ao (caralho do) simulado semanal (Sim, às sextas-feiras. Sim, também acho uma putaria sem tamanho). E, como sempre, ninguém estava dando a devida atenção ao que ele dizia, o que é uma pena. Ou uma sorte. Eu queria não ter dado atenção, isso me pouparia uma torrente infernal de pensamentos passando pela minha cabeça (ao mesmo tempo, como sempre).

Incrível ver que até de discursos de pessoas sistematizadas e roteiro-de-estudosadas dá pra tirar uma recheado tapa na cara. Incrível mesmo. 

Segundo Selvagem, existem seis tipos de medo (os quais chamei de medos primitivos) e os demais, que são apenas derivações dos principais. Estava tudo muito bem, até ele citá-los. Aí o tapa foi forte. A minha cabeça deletou tudo o que o diretor disse depois e criou as suas própria definições que fariam a autora desse pequeno desabafo se sentir um alvo vermelho neon no meio de uma floresta cheia de snipers profissionais (só tiro, porrada e bomba). 

O medo da pobreza

1. Medo da pobreza de espírito. Medo de ser vazia de vida, pobre de brilho nos olhos. Medo de mergulhar na miséria da ganância e esquecer o amor incondicional pelas coisas ritmadas.

2. Medo de não viver do que eu amo. Medo de ser obrigada a parar de tentar e seguir o fluxo das pessoas. Medo de ter medo de não ter medo. Medo de pôr a cara no mundo, falhar e voltar com o rabo entre as pernas às coisas simples, sem desafios, monótonas, normais. Medo do fracasso.

O medo da doença

1. Medo de não caminhar sobre os meus próprios pés. Medo bobo e idiota de precisar de ajuda. Medo de pedir por ela.

2. Medo da minha doença. Aquela doença. Aquela, a única no meio de tantas, que eu tenho vergonha e não gosto de falar. Medo que ela me domine de vez. Medo de que ela fique frequente. Medo de que, um pouquinho de cada vez, ela me cegue. Medo que me segue. 

O medo da velhice

1. Medo de ver a minha pele se desgrudar um pouquinho mais a cada dia. Medo de viver com medo de andar sem rumo por aí porque se eu cair, opa, já são três costelas e uma perna quebradas. Medo covarde de ficar parada no tempo enquanto todos andam pro mesmo buraco.

2. Medo da velhice da mente. Medo de amargurar na minha própria cabeça os anos que eu nunca vivi. Medo de não viver, de só sentir a morte cafungando no seu pescoço. Aquela risadinha fina de quem sabe o final da história.

O medo da crítica

1. Medo de ter que me adequar ao pensamento quadrado dos outros por eles não se adaptarem ao meu polígono. 

2. Medo de ver o que eu amo pegar fogo. Ver nos olhos de quem me lê a desaprovação, o desgosto. Medo de alguém fazer descaso das extensões de mim.

O medo de perder o amor de alguém

1. Medo de não controlar o meu temperamento e afastar as pessoas que eu lutei tanto contra os meus instintos solitários pra conquistar. Medo de ficar sozinha. Medo do meu destino se fazer real.

2. Medo de desapontar os meus pais. Medo de sair de casa pra buscar a minha vida (que saiu pra um rolé e ainda não voltou) fora dos portões de casa, sem a certeza de voltar, e deixá-los sem um acordo de paz. Medo de que eles não aceitem as minhas escolhas. Os meus amores. As minhas necessidades.

O medo da morte

1. Medo de entrar por uma porta que você não sabe pra onde vai dar. Medo de sentir dor no processo.

2. Medo da morte da mente, da alma, do que funciona. Medo da morte das ideias, dos sonhos, dos amores, das necessidades. Dos objetivos, das metas, da vontade. Medo da morte de dentro. Medo da assassina ser eu.


E, assim como no texto, essa palavra da besta-fera ecoou na minha cabeça centenas de milhares de vezes. Milhares de vozes, a mesma palavra. Não o mesmo sentimento, mas um amálgama de sensações (todas ruins).

Depois, um "bom final de semana" e uma prova de física. 

terça-feira, 25 de março de 2014

Sobre ser inteligente e elogios

Eu tenho tanto pra falar sobre isso que eu não sei nem por onde começar (normal).

Velho, o que é ser inteligente? É saber muito sobre uma coisa só ou saber razoavelmente várias coisas? É assimilar rápido? O que vale mais: a inteligencia acadêmica ou a inteligencia da vida, a concepção e percepção do mundo? O quanto você tem que saber/o que você precisa ter/o quão rápido você precisa aprender sobre um determinado assunto pra ser considerado inteligente? A inteligência é tão subjetiva quanto a beleza? Se sim, por que, então, as pessoas (pelo menos a maior parte delas) levam mais em conta um elogio à sua inteligência do que um à sua beleza, se tudo no final das contas é uma questão de mera opinião?

Meio foda isso.

Não sei direito o que pensar sobre. As pessoas dizem que eu sou inteligente e eu tenho vontade de socar a cara delas por isso. Toda vez que alguém diz "nossa, você é muito inteligente!" a merda já está feita. O meu cérebro vai voltar aos questionamentos dali de cima e eu vou ficar frustrada por não ter as respostas (uma das minhas muitas obsessões é ter resposta pra tudo) e vou ficar num loop infinito de perguntas POR CULPA SUA (em letras garrafais porque sim). E nem adianta perguntar pra pessoa o porquê (já pensei nessa possibilidade) porque o máximo de resposta que eu vou ter vai ser um "sei lá, você sabe as coisas".

Sim, sei muitas coisas. Principalmente quando eu olhos pra primeira questão de Química da série branca do meu roteiro de estudos e eu percebo que eu não faço a mínima ideia do que fazer. Nossa, como é vasto esse meu conhecimento. To em lágrimas.

Fala sério.

Se sou referência em inteligência, o mundo está pior do que eu pensava. A minha óh-tão-ilustre inteligência é tão mínima e insignificante que chega a dar pena. Eu não sei direito nem matéria da escola, quem dirá saber de fato coisas relevantes fora do universo escolar. Existe tanto por aí pra ser aprendido que eu me sinto constantemente uma criancinha, um bebezinho que ainda não aprendeu nem a desenhar ainda e fica fazendo aqueles rabiscos na folha falando que são os pais, tá ligado?

 "Nossa, Marcela, como você é ingrata! As pessoas te elogiando e você aí falando merda." Cara, não é isso. Eu fico feliz ("feliz") quando alguém me acha inteligente, só não acho que essa pessoa tenha motivos pra isso. Tipo, Da Vinci era inteligente. Darwin era inteligente. Galileu era inteligente. Hilton é inteligente. Giovana é inteligente. André é inteligente. Nelsinho é inteligente. Eu não. Vamos deixar isso bem claro aqui.

Já deu pra perceber que me elogiar resulta em merda, né? Vou agradecer por fora, mas por dentro eu to tendo convulsões cerebrais porque esse é mais um assunto que eu não tenho resposta pra nenhuma das perguntas e, Jesus Cristo, que ódio que isso dá.

É tipo quando falam que eu sou bonita ("bonita"). É mais ou menos assim:

"Nossa, como você é bonita!"
"Asjfkldjlvkdvdl obrigada!"
3,44 segundos depois, dentro da minha cabeça meio dantesca: "Tá querendo alguma coisa, só pode"

Talvez isso seja porque esses são elogios, digamos, fáceis de se dar. Você pode ver alguém e falar "nossa, como essa pessoa é bonita" ou "nossa, como essa pessoa é inteligente" porque nenhum desses elogios requer um olhar mais aprofundado, além de serem super subjetivos. Vai da concepção de cada um sobre beleza e inteligência. Não me entenda mal, eu fico super feliz em me enquadrar nas suas concepções de beleza e inteligência, mas isso não diz nada sobre mim. Não chega perto de desvendar as primeiras letras do que eu sou.

Gosto dos elogios que mostram pelo menos um pouco de dedicação na Arte De Observar Pessoas. Tipo, teve uma vez que um menino me disse que meus dentes eram perfeitos. Cara, que tipo de pessoa repara nos dentes de outra? E é exatamente disso que eu to falando! Uma pessoa que diz que "eu sou bonita" claramente não observou cada detalhe, tipo os meus dentes. SEI LÁ, isso soa muito estranho (muito mesmo), mas eu dou mais valor aos elogios incomuns, elogios que requerem observação.

Pra você achar alguém bonito só lhe custa um par de olhos. Mas quantos pares de olhos lhe custam de fato ver uma pessoa?


OBS: Tá tudo confuso de novo. Pensar mil coisas ao mesmo tempo realmente tá sendo um grande empecilho na minha vida. Poxa.

Eu pensei em escrever sobre isso enquanto conversava com a minha parceira de assuntos legais, Mariana, e eu lembrei que André me chamou de filósofa e eu quase morri porque akldçkçlkhnlfjyyk. <André3


domingo, 23 de março de 2014

Sobre lista de sonhos

Batalhei comigo mesma nos últimos dois minutos sobre fazer ou não uma lista de sonhos. Quer dizer, parecia uma ótima ideia listar todas as coisas que eu quero fazer na minha vida -- mas aí eu lembrei que eu morro de vergonha de falar sobre isso. O que não é lá um grande problema, considerando que esse blog é completa e inteiramente meu e só eu o leio. É o meu pequeno diário que eu com certeza vou esquecer de manter, assim como todos os outros. Não consigo fazer a mesma coisa todos os dias, não há rotina que me prenda. É foda.

Sonhos são meio que coisas muito pessoais demais. 

Sei lá, eu amo quando alguém fala dos seus sonhos. Os olhinhos brilhando, as bochechas vermelhas, aquele sorriso idiota. É um conjunto muito harmonioso. Dá vontade de ser harmonioso também.

Agora uma coisa completamente diferente é eu falar dos meus sonhos. Não. Nope. Não rola. Eu não sei o que é isso que me prende, mas as palavras morrem na minha garganta na mesma velocidade em que elas nascem. Acho que é por que uma grande parte do que você é -- o seu maior segredo -- fica exposta ao falar sobre isso. Muito se pode ser dito de uma pessoa a partir das metas e dos objetivos de vida dela. 

Mas e daí? Bora lá fazer o negócio. 

1. Trabalhar com música
E por trabalhar com música eu quero dizer ter uma banda, seguir carreira solo, sei lá. Qualquer coisa, desde que eu tenha um palco, minhas músicas e uma platéia bem quente gritando na minha frente. Qualquer coisa desde que eu consiga gritar e tirar de mim tudo que a arte quer. Qualquer coisa, desde que eu consiga tirar dos meus ombros o peso da criatividade acumulada. E isso é justamente o que eu não consigo falar sobre o Sonho Número Um. Porque soa idiota. E também porque é a coisa mais importante na minha vida. Não acho que eu iria aguentar ver alguém caçoando disso, e justamente porque é a coisa mais importante da minha vida. E merece quantas repetições forem necessárias. A coisa mais importante da minha vida

2. Aposentar o meu pai
Tá, a gente não tem lá uma relação muito amigável. Meu pai é a pessoa mais mandona que eu conheço, e eu DETESTO (em letras garrafais) ser mandada. Não. Dá. Tá vendo como eu não duraria cinco minutos num emprego normal, com chefe e tudo mais? No momento em que aquele bosta viesse me dar ordem, maluco, ia dar merda. E também tem toda aquela coisa de o meu pai ter conquistado meu respeito com base no medo, o que significa que, sim, eu tenho medo dele. Não é o tipo de respeito que se conquista, mas o que é imposto, sabe? Ou você me respeita, ou você me respeita. Talvez porque não existe privacidade que resista ao imenso nariz do meu pai. Sério. Seu Roberto quer fuçar em tudo, saber de tudo, saber com quem eu estou falando (por mais que eu já tenha dito os mesmo cinco nomes várias vezes, mas a idade é um problema sério. Aí eu tenho que ficar repetindo. Adivinha? Odeio repetir). De qualquer forma, meu pai trabalha que nem puta nos finais de semana. Nem férias tira. E a maior parte do mau-humor dele (falei do mau-humor dele? DEUS, QUE CARA MAU-HUMORADO) vem do estresse do trabalho. E o cara merece, aturou desaforo murmurado meu por dezessete anos. 

3. Sustentar o Colégio Herculano Pires
O Herculano Pires é um projeto do meu (infelizmente, ex) professor de Sociologia e Filosofia (a.k.a um dos melhores -- se não for o melhor -- professores que eu já tive na minha vida). Não sei explicar bem como isso aconteceu, mas eu sinto como se o colégio fosse um pouquinho meu também. Talvez porque ele compartilhou tanto essas ideias e esse amor incondicional por elas que acabou chegando em mim, tomando um pedacinho pra si. O André tá conseguindo bem devagar colocar esse sonho dele em prática (ele que, diferentemente de mim, não tem medo de jogar os próprios sonhos pro mundo), e eu prometi a mim mesma há dois anos que, assim que eu tivesse condições, eu manteria sozinha esse colégio. Nem que eu morra de fome e more debaixo da ponte. Esse sonho dele agora é meu também.

4. Levar a senhora minha mãe no túmulo da Lady Di
Minha mãe é fascinada pela Diana. Ela falando do Charles é a coisa mais engraçada do mundo, tem que ver. De qualquer forma, eu queria que mamãe visitasse o túmulo dela, nem que fosse só pra fazer uma oração pra ela lá. 

5. As tatuagens
Contam como sonho pra mim, falou? Falou, valeu. Então, eu tenho várias tatuagens pra fazer:
- um ankh
- o "RIO"
- o "liberte-se"
- o "Veni, Vidi, Vici" a.k.a a primeira que eu vou fazer e somente sob uma condição secreta
- aquele quote de Will Grayson, Will Grayson, o “Some people have lives; some people have music.”(não preciso explicar essa, não explicaria sem se precisasse)
E tem mais algumas, mas eu não me lembro.
Ah.
Lembrei.
- o "the state of dreaming" que, não só é uma música da Marina & The Diamonds, mas é a música da M&TD. Sério, essa música fala comigo em níveis espirituais.

Por enquanto, é só isso que eu consigo me lembrar. Existem alguns menores, coisas não tão significantes quanto essas. Prefiro deixá-las guardadas. Você preferiria também. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Sobre vocação

Eu passei os últimos dezessete anos tentando encontrar a minha vocação. O que, posso garantir, foi uma experiência um tanto quanto escrota.

Tudo começou no ensino básico. Lá, onde você achava que sabia algum pentelhésimo de Matemática e Português (a.k.a quando você não conhecia orações subordinadas ou relações trigonométricas no triângulo retângulo). Lá, quando você via todos os seus amigos tendo uma forte inclinação pra alguma das - cinco - matérias.

E você lá. Na merda.

Na merda, de fato, porque eu sempre estive dividida entre gostar de todas as matérias e odiá-las profundamente. Isso acontece até hoje, aliás. Não existe nenhum santo assunto que eu goste por inteiro, a minha missão é achar alguma coisa pra detestar em tudo.

Mas pior do que isso, creio, foi a sensação de "isso é legal, até chama a minha atenção, mas eu não quero ficar fazendo isso a minha vida toda nem que Jesus desça do Céu, bote o dedo na minha cara e mande eu fazer" que me atingia no que concernia a tudo que me era ensinado na escola (tenho a impressão de que essa frase não soou do jeito que eu queria, o que é normal; eu nunca consigo traduzir direito o que a minha mente pensa porque esse lugar é um caos completo. Mas disso a gente fala em outro texto). Eu nunca pude bater no peito e berrar "EU AMO TAL MATÉRIA COM TODAS AS MINHAS FORÇAS" em praça pública porque, cara... Será que eu amo mesmo?

Pra mim, não existe isso de amar pela metade. Ou você ama tudo, ou não ama. Então como posso amar, sei lá, Gramática, se quando a professora toca no nome amaldiçoado da morfossintaxe eu já tenho vontade de cometer um homicídio em massa? Se eu, pelo menos, aceitasse a existência dessa coisa, tudo seria mais fácil. Aceitar é parte de amar. Quando você aceita os defeitos de uma pessoa, você a ama apesar deles (ou os ama, ainda não tive tempo de descobrir). O problema é que eu odeio essa criação da besta-fera como o Noel Gallagher odeia o resto da humanidade.

E assim foi caminhando a minha vida acadêmica, até o crucial momento que dividiu a minha vida em antes e depois: A Redação Aleatória Na Alfabetização. Foi naquele momento que eu percebi que eu estava fadada a estar na merda pro resto da minha vida.

A história foi mais ou menos assim: a professora pediu pra gente escrever um texto sobre uma imagem, que era de um sapo pedindo uma sapa em casamento. Aí a minha imaginação de criança pintou e bordou. Escrevi a porcaria do conto (eu falo sobre ele em outra oportunidade) e entreguei com a maior felicidade do mundo. Eu já escrevia textos daquele tipo desde que eu aprendi a juntar letrinhas, só que eu guardava tudo pra mim (tem coisas que nunca mudam). Aquele foi o primeiro escrito meu que eu mostrei pra alguém.

Não me lembro direito o que aconteceu depois. Tudo que eu sei foi que aquela respeitável senhora saiu mostrando meus sapos pra escola inteira. E, sei lá, foi legal. Saber que as pessoas gostaram de algo inteiramente meu foi, no mínimo, gratificante.

E foi aí que a Marcela de seis anos de idade (ou foi com cinco?) pensou que, talvez, fosse aquela a sua vocação. Fazer arte. Mostrar pro mundo seus vários sapinhos guardados a sete chaves numa pasta no computador dos pais. E, cara, é isso que eu gosto de fazer. Mesmo que eu mude o formato de texto every now and then (desde agosto do ano passado, tomei um gosto muito grande por escrever algo que eu não sabia que conseguia: música. Mas disso eu falo mais pra frente), escrever é o que me faz bem. É o que eu amo por inteiro.

Mas fala aí, eu não podia simplesmente gostar de Matemática? Seria tudo tão mais fácil. Era só escolher uma profissão ligada àquilo e pronto, tava feita na vida. Mas, não. Óbvio que não. Sou eu, afinal. Sempre optando pelo mais difícil, pelo caminho mais sinuoso, pelas pedras mais afiadas.

Desde os seis anos, então, eu venho aprimorando esse meu gosto pela arte da escrita (por mais que eu ainda seja um lixinho pensante quando se trata disso) e como expandir isso. Eis que, no ano passado, eu acabei por juntar as duas maiores paixões da minha vida, a música e a escrita (como eu disse ali em cima). Aliás, em momento nenhum desse texto eu falei sobre música, né? Não faz mal, eu falo agora (acostume-se, minha mente é um caos).

Eu tenho contato com a música desde que me entendo por gente. Meu pai sempre colocava os discos dele no rádio do carro pra nós ouvirmos. Pink Floyd, Bee Gees, ABBA, Queen (mil corações), Elton John (mil corações também), Cazuza, entre vários outros que eu não consigo me lembrar agora. É engraçado pensar nisso, mas eu não gostava das músicas que ele ouvia e - já mostrando traços da futura Marcela - às vezes, eu reclamava com a minha mãe.

 "Meu Deus, Marcela, como você era escrota". Tira esse verbo do passado porque eu ainda sou.

Mas voltemos à música (foco, Marcela).

Eu gostava muito das músicas do meu irmão, embora na época eu jurasse de pé junto que detestava e preferia fazer cem questões de arme e efetue a ouvir um minuto daquele troço. Ele curtia Green Day, Linkin Park, Red Hot Chilli Peppers, Simple Plan (O Emo), My Chemical Romance (O Emo: A Sequência) e várias outras dessas bandas de rock que nós dois ouvimos até hoje.

A minha vida toda foi preenchida por música. Todas as viagens de carro, limpezas da casa ou momentos de ócio tinham a sua trilha sonora sagrada. É por isso que a música hoje me soa tão natural. É normal, pra mim, ser obcecada por ouvir alguma coisa em todos os momentos em que aparece a oportunidade.

Aliás, eu adoro ouvir música no ônibus. Eu quase sou linchada toda vez que boto o fone. "Marcela, tira esse fone agora! Você bota esse fone e sai completamente do mundo!" (Às vezes eu acho que as pessoas ainda não se deram conta que é essa a intenção).

Assim como escrever, a música me faz bem. E se todo esse papo de fazer o que te faz bem fosse aceito, eu não estaria tão na merda assim. A verdade é que as pessoas apoiam muito que você faça o que você gosta desde que seja alguma coisa de gente normal. Tipo, sei lá, Arquitetura.

"Mãe, eu quero ser arquiteta!" "Nossa, filha, que bom! Isso mesmo, tem que fazer o que você gosta!"

"Mãe, eu quero fazer música!" "Então, meu amorzinho, você pode até fazer música, mas você não acha melhor fazer outra faculdade antes? Faz Farmácia, moreco, garante seu futuro. Música é hobby, né? Não é profissão de verdade."

Moreco, Farmácia não me faz bem. Arquitetura não me faz bem. Engenharia não me faz bem. Medicina não me faz bem.

Música me faz bem. Fazê-la me faz bem. Compreendê-la me faz bem. Escutá-la me faz bem.

Se esse papo todo de pais fosse sincero, isso de "música é hobby" não aconteceria. Pra mim não é hobby. É amor. É o que eu quero fazer da minha vida. E não existe Direito no mundo que tire isso de dentro de mim.


OBS: Chega. Não vou alongar mais esse texto porque, pelo amor de Deus, deve estar gigante já. Se tiver alguém aí além de mim lendo isso (o que tem 0,0001% de chances de acontecer, já que eu não vou mostrar esse blog pra nenhuma alma viva), minhas sinceras desculpas pelo meu jeito de pensar. Eu penso em muitas coisas ao mesmo tempo e fica meio difícil seguir uma linha só de raciocínio. Deve ter ficado confuso pra cacete, foi mal. De verdade.